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Eu sou a sombra do vento,
a silhueta das almas que penetram
a caverna onde repousas os dias
sem retorno. Eu renasço
nos teus lábios quando
a loucura se esconde no reflexo
do espelho acorrentado, renasço
para morrer em seguida no teu olhar.
Olhar que ampara a dor dos momentos
calados, inerte complexidade da rebeldia
projetada na parede turva do esquecimento.
Eu sou a morte que caminha
ao encontro dos sentimentos que se levantam
na planície instável, ao encontro
dos outros que emergem da noite
e espalham o medo na nostalgia dos incautos.
As tuas mãos afagam-me o cabelo sinuoso
e acalmam a podridão que escorre das pedras.
Só assim se compreende a inquietude das bocas
moribundas, escancaradas na exaustão
das fraturas reverberando o sexo encantatório.
Eu cubro a pele que me recebe pulsando
nas calmarias do pesadelo de sangue, espojo-me
no suor erótico das membranas latejantes
atingindo orgasmos irretletidos.
No barco em que navego ao encontro
das janelas da alma diviso o murmúrio
dos vagabundos que se aventuram
nos campos ébrios da batalha sem fim,
imprimo os passos que lavram os planos
divergentes da memória coletiva.
Eu sou a sombra do vento e ardo
nas tuas coxas voláteis.
Cativa 10/4/2011
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