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"Estavam calados. A sombra adensava-se no estreito recanto onde estavam estendidos. Numa parede resplendescia o oiro ténue e tranquilo da luz do poente. Ouviam o murmúrio do ribeiro, um leve sussurrar de folhas, algum pio rápido de uma ave, a minúscula obstinação de um insecto solitário.
Diante deles uma pequena janela em parte coberta pela folhagem de um arbusto. Pelo outro lado da vidraça, viam nuvens brancas, vagarosas, leves. Continuavam em silêncio, imóveis, extáticos, possuidores de uma serenidade imensa cheia de luz e sombra. Cada instante era uma longa vibração plena a que outro instante sucedia, igualmente pleno, igualmente vibrante, igualmente sereno. Nada esperavam no seu inteiro abandono fiel à densidade do silêncio. Não havia uma história a contar, uma palavra a dizer, o silêncio inundava-os e a maravilha latente tornava-se uma presença silenciosa, que era tanto do espaço como deles próprios em uníssono com ele."
Ramos Rosa como nunca o ... leu.
4 Águas Editora
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