Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Tinha um ar tão grave quanto se podia imaginar e mesmo assim sorria. Sorria às coisas. Pronto. Tudo se passou como uma brisa contra a tempestade ( aliás previra-o ). Quantos calafrios a atravessar a noite poeirenta. A vida.
Apeteceu-me chorar pedaços de carne. Da minha carne.
Há um mundo a desabar sobre o meu ( que já não chamarei mundo nem terei coragem de apelidar ), com asas grandes a afastar as únicas borboletas que restam do meu amor. Uma auto - estima inútil e nua. Perdi todas as correntes e esqueci todas as portas. Quase todas... ( é próprio dos moribundos agarrar freneticamente um sonho esfaqueado )
O céu fundia-se como o ribombar dos trovões na mente dos aflitos. Multidões de gritos, como abutres, esperam o cair da noite. À noite as flores entregam-se a si. À noite ninguém assassina flores.
Não existem recordações de infância onde os sentimentos flutuam em convulsões febris. A minha dor não tem memória, mesmo não podendo imaginar dores sem memória, por isso é irreversível, sem origem. Como a noite que cai...
Nas asas do sono brincam sorrisos rodopiando eternamente ao vento.
Há nuvens à esquerda incapazes de me tocar, receando perder a capacidade de estar sós.
Perdão, a noite cai. O Sol, e eu, vamos para o outro lado da penumbra.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.