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ninguém pode comprar a loucura

por vítor, em 01.06.10

 

os socos nos ponteiros.

A vida passando como um comboio vazio errando nos carris.

A imbecilidade no palco arranca mais aplausos.

O sangue grita alto.

O amor dissolve-se no sangue como açúcar amarelo.

A palavra"tudo" é forte demais.

E o resto apaga-se fumegando.

Caiu o pano e a lua desaparece

ninguém pode comprar a loucura

o vento é um boeing transportando natureza.

Não há diferença nenhuma entre a areia do deserto e a da praia.

O erro está perto demais.

Este carro tem rodas mas não leva a lado nenhum.

Tudo o que se diz é uma mistura de gestos e barulho.

De noite os cegos vêem a lua.

O decote dessa mulher é a fronteira da maternidade.

O som do mar é mais nítido quando não há nuvens.

Todas as cidades deviam ter sono.

O arco-íris é a terceira obra de Pollock

a verdade usa"lingerie francesa".

A terra é uma bola com chantili que o mar ainda nã acabou de comer.

A arte não se envergonha nada, de ninguém.

A música, assim como várias outras coisas entre as quais o sexo, é o meio

de transporte mais rápido, cómodo e seguro para o extâse.

Agora, já não sei nada.

Lennon tinha prazer em deitar a língua de fora e sonhar.

O exemplo mais recente da morte já não se usa.

O melhor perfume francês não é suficiente para disfarçar a podridão.

Umas televisões trasmitem imagem, outras não.

É vulgar dizer-se que chaplin substituiu o pai natal que se tinha

aposentado nesse verão.

A tradição não é velha, pelo contrário, é o exemplo mais jovem da cultura

dos povos que atravessaram o século vinte.

O computador já aprendeu a pedir desculpa quando se engana, mas ainda

não descobriu onde erra e o homem não consegue explicar.

É curioso como há homens que, quando morrem levam o mundo no bolso

e o caixão cheio de projectos.

Não há nada mais simples que o preto e o branco diante do olhar de um louco.

Continua a afirmar que os loucos não devem ser sujeitos ao procedimento que se

toma para com os presidiários, nem este aos mesmos.

A morte que forra os caixotes de lixo não altera os nossos produtos.

O pénis à sua janela vestindo uma camisa de noite.

Os seus sonhos debatem-se numa luta asfixiante entre lençóis.

Há uma frase que diz "Estes lençóis forrando-me o corpo são as paredes de

presídio mais eficaz do mundo".

Há outras frases que falam pouco.

A esta hora deve ser dita.

Nada deve ficar guardado para outro truque.

A poesia deve apresentar-se em palco nua.

O resto entra no segundo acto.

E quando os corações atingirem o "tropo forte" a luz cairá sobre a cena.

Os bastidores nuncam arrefecem.

Adeus.

A cabeça explode.

A caneta para.

 

( Palavras do Rui da Amadora, em dias de 1983, possivelmente no BloodY MarY, da Amadora)

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publicado às 00:48


3 comentários

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De Pedro a 04.06.2010 às 10:50

Ou no Chance, ou no Aguarela, ou ...
O que é impressionante é a nitidez que as "palavras do Rui" adquirem só de se lhes passar a vista por cima.
"A imbecilidade no palco arranca mais aplausos."... Se calhar nunca as esqueci.
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De vítor a 04.06.2010 às 13:31

As palavras do "Roi" dizem muito a todos os que fizeram da amizade a sua casa. A nossa casa será sempre ... a nossa casa.
Provavelmente o autor das palavras nem se lembra delas. Ou terá muitas outras que nunca deu a conhecer. Se te encontrares com ele fala-lhe destas nossas palavras. Há 25 anos que não sei nada dele.
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De Pedro a 04.06.2010 às 13:47

http://www.youtube.com/watch?v=DQG7XpCiSVA&feature=related

Cá vai para se ouvir nesta nobre casa da amizade.
Só pela teimosia do "ROI" comecei a ouvir pérolas destas ( e os King Crimson também foi ele que trouxe para a rua)

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