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Da penumbra do corpo
solta-se um aroma rosáceo
que me envolve os dedos tontos
sussurrando ventos na pele arrepiada
Quem não entende as cicatrizes do tempo
passará a fronteira do desejo
resvalando nos socalcos palpitantes
da carne em sangue rumorejando
nas inconfidências do silêncio.
As palavras não produzem os efeitos
que projecto nas consciências obliteradas
jazendo em muros
sentadas na planície incompleta
as palavras só rastejam quando a noite
bordeja os caminhos repletos de obstáculos
insaciáveis
onde a chuva de Outono se esvai por entre o sexo
que nunca percorre os meandros
da podridão aconchegante.
Agora o nunca torna-se no sonho
utópico da viagem
acorrentando as pernas dos desconhecidos
que se amam
nas grades frias do paradoxo
animalesco dos genitais.
Não posso sentir a volúpia da tua intranquilidade
prostrada nos dias sem luz
na ausência que afunda o frágil
fluir da viciante entrega
ao outro.
Não posso dizer o que não existe no mundo
das palavras frouxas e malditas
sons sem espelho onde a vida se esconde e reflecte.
(Monte Gordo, 20/10/2009)
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