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Um homem saiu na paragem seguinte. Deixou o chapéu no cabide de espuma entre a noite e o dia. Saiu sem pensar na cor do futuro.
Algures ( num bar? ) sentou-se alguém. Alguém, que para o caso era eu, pediu um telefixo .
Do outro lado do mundo (do balcão?) trouxeram-lhe um crucifixo .
Xô, gritou um homem.
Os transeuntes apressaram o fluir das horas e fingiram saber como semear amendoins.
Eu telefonei para longe, para o espaço envolvente dos dias sem sabor. Onde os pássaros não cantam sem apelos da sociedade civil.
Os transeuntes começaram a chegar a casa cansados dos dias memoriáveis. Os autocarros foram vomitando semáforos enlatados enquanto um homem errava todos os alvos. Excepto o da sua preguiça solitária.
Eu, um transeunte neutro de civilidade, telecrucifiquei um santo homem.
Xô satanás que arrepias a utopia!
Um homem, que por acaso era eu, atravessou a rua deixando um sulco de raiva no alcatrão quente. Amarás os transeuntes que param, disse um profeta vindo de mansinho. Alguns ostentam medalhas de medo, comendadores da porcaria, heróis da merda .
O país encharcou-se de pus putrefacto e casto. Os transeuntes percorrem o caminho sagrado da ignorância uivante. Nas cidades não há sementes de melancia e a violência desperta prenhe e nua. Como as virgens. Liga-se às ruas como mães a filhos sem pais.
Um homem, que por mero acaso até era eu, olhou para trás. O que viu aspergiu-lhe a memória de nós. Nós e a morte.
O candidato sentou-se na escuridão. Era alguém com a violência domesticada e mostrou-o a todos.
Alguns acreditaram na bondade do crime e aplaudiram implodindo as palavras.
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