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Numa homenagem a 200 dos grandes responsáveis pela destruição do ambiente, do património construído, da agricultura, dos costumes e tradições do Algarve, Cavaco repreende veementemente umas dezenas de adolescentes que rebentaram com uns pés de milho.
É de concluir que o crime compensa. Bem sei que a maior parte dos homens e mulheres que têm destruído o Algarve já são comendadores, mas condenar um crime menor de desobediência durante esta triste e vil homenagem é passar uma esponja e branquear a avalanche de crimes que têm sido cometidos no Algarve com a conivência de autarcas e que, na maior parte dos casos, tem servido para empanturrar diversas contas bancárias.
Ir à caça e disparar (com grande denodo e pontaria) sobre o cão serve a quem?
Já que estou numa de vândalo, e que tal marcharmos contra a propriedade privada que é a praça de touros de Albufeira na próxima 6ª feira durante a tourada promovida pela RTP para comemorar os seus 50 anos? Esfregar o sangue das bestas ( propriedade privada) nas ventas das zelosas bestas dos administradores da televisão pública. E, já que estamos em maré de transgenia , numa operação de engenharia genética de ponta (desculpem-me o pleonasmo) transferir uns genes de Einstein nas débeis estruturas genéticas dos aficionados.
E que tal recusarmos pagar a taxa de televisão enquanto a "televisão de todos nós" colaborar com a tortura de animais ao vivo e para gáudio de outros animais!
Eu sou dos que considera a propriedade privada sagrada mas que também considera que existe uma hierarquia do sagrado ( como do profano, aliás) e que, perante a propriedade privada, a vida, a natureza, a inteligência, a liberdade, a interpessoalidade , a ética e a dignidade humana se sobrepõem e elevam.
Contra o politicamente correcto, que varreu as mentes virtuosas e púdicas deste país a propósito da destruição de um hectare de milho transgénico (que repito não é uma mera questão localizada numa quinta, é uma questão que pode ter repercussões ambientais e sanitárias exógenas mal conhecidas e incontroláveis e que, portanto é uma questão da comunidade onde se insere a plantação), marchemos, pois, contra o bárbaro espectáculo que a RTP vai promover na próxima 6ª feira , em Albufeira.
A forma como os animais são tratados num país mostra, como poucas coisas, o grau de desenvolvimento cultural e económico de um país.
Nunca esquecendo que Nietzsche enlouqueceu por ver um cocheiro chicotear um cavalo na cidade de Milão, no... século XIX...
Chove de mansinho e a fresquidão ocupou os campos. Adoro este tempo suave convidando a mente a deambular pelos labirintos da metafísica.
Pela janela vejo passar aviões low-cost carregados de camones de bermudas e camisas havaianas, preparados par desembarcar num paraíso tropical...
O Presidente do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, o Sr. Jean-Claude Baungarten, que deve perceber alguma coisa destas temáticas, afirmou que "os portugueses têm que aprender com os erros dos outros". Disse mais: "Não façam como Espanha." (E agora algo completamente inesperado e revolucionário) Não construam mais."
Ao que parece, nenhum presidente de câmara ou junta de freguesia ou agente da "indústria hoteleira" reagiu às provocantes e pertinentes observações de tão alta individualidade. Assobiaram para o lado, sorriram sonsamente e o festim vai continuar com PINs e outros Projectos de Interesse Notarial fazendo jus ao probérbio "não deixes para amanhã o que podes fazer hoje."
Se não houver amanhã, que se lixe. Eles vão enchendo os bolsos e os vindouros que se amanhem.
Na destruição do património ambiental o crime tem compensado. Até quando?
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