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O homem que nunca sonhara

por vítor, em 14.12.17

 

O homem que nunca tinha sonhado perguntou:
- Que silêncio é esse que te gela os ossos.
A resposta, seca e corrosiva, que recebeu da rapariga sem imaginação, soou como uma praga de libelinhas.
- Quem não distingue a realidade da metáfora nunca chegará ao castelo do homem velho.
E assim se passaram muitos crepúsculos.
Um dia, igual a tantos outros, o homem que nunca sonhara sentiu-se feliz e compreendeu o significado daquele silêncio oco que esmagava como sombra cobrindo as pegadas dos pássaros, a consciência atulhada de sonhos dos outros.
Levantou-se e não conseguia caminhar. Esqueceu-se de como dar passos na direção da noite. Quando um pé abandonava o outro, um desequilíbrio inexplicável tomava conta do seu andar, impedindo-o de ir em frente.
Agora, inerte na luz, a rapariga dos silêncios sentirá que a vida é um sonho na periferia dos pesadelos da solidão.

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publicado às 14:53

chegámos tarde e a noite avançou

por vítor, em 03.12.10

 

Chegámos tarde e a noite avançou, o estatuto da noite não morava ali.

Quantas vezes tinhas empenhado as jóias que reverberam da cerveja bebida na tasca

depois da cerimónia da morte?

O objectivo era unificar a arte, a cultura e a terapia que sublinha

o rumorejar da ausência inerte.

A desesperança encontrava, na associação com os projetos de renovação,

direitos inapeláveis onde os gritos executam

a panóplia inacabada das competências esquecidas.

O morno escriturar da mitológica raiz na plenitude imprime a tatuagem larvar

do caminho interrompido , nudez do rosto avançando,  que aquece

a ordem na arquitetura do sonho.

Quando chegámos, os rostos que sobressaem da espessa penumbra,

rejubilaram de alarvidade.

Dás-me  contas da incompletude nas pegadas impressas de vida,

daqueles  que perdem a utopia viável dos cataclismos confortáveis e nus.

Agarramo-nos à insuficiência dos presentes e arrancamos palavras soltas,

inimputáveis e corruptas. O sabor do ritual irrepetível é uma onda

de desejo  que cumpre os critérios obtusos da multidão.

Os documentos são irreversíveis e envolvem vontades instaladas, revoluções

impraticáveis que renegam os pensamentos estultos e ressabiados,

emergentes da máscara desoculta na balbúrdia reflexa.

Os dias arrastam-se na envolvência das emoções inadiáveis, receita

da casa que não esquece os jogos arquitetados na distância da semente,

os dias são o que não entendes nos outros, as vidas que se cruzam

em múltiplas imagens no espelho paradoxal.

A maresia eleva-se dos espíritos que vagueiam no labirinto

catártico da poesia primordial. O elenco da putridão oblíqua

manifesta-se quando a lâmina penetra a frieza do olhar. É um desenvolvimento

esperado sem a aprovação dos que não dormem enquanto sonham

o desfilar das figuras fragmentadas pela  luz.

Retiras a sensatez aos que desprezam o inútil esculpir da realidade

suspensa no pesadelo das sombras.

 

Chegámos e o jardim contemplou-nos sorrindo na placidez da tempestade.

 

(Tavira, 27/11/2010)

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publicado às 11:01

E viva a América

por vítor, em 04.11.08

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publicado às 23:51

Alfarrobas e adolescência

por vítor, em 01.09.08

 

Nos tempos da apanha da alfarroba pareço mergulhar na adolescência. Só me apetece entrar pelas noites adentro como gato à procura de sonhos já sonhados...

 

PS: Não tenho andado com disposição para grandes escritos. No entanto estou pouco preocupado. Como diria a grande filósofa dos nossos dias, Lili Caneças, não escrever é só o contrário de escrever.

PS1:O meu amigo Pedro Alves vai compensando esta ausência de palavras novas com algumas referências a palavras antigas e projectos novos deste vosso criado. Recomendo-vos vivamente a passagem pelo canal sonora, o belíssimo blog do amigo supra citado.

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publicado às 14:20

Esta é a madrugada que eu esperava

por vítor, em 25.04.08


Uma nêspera

estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

(de Mário Henrique-Leiria)

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publicado às 01:17

Tavira, a triste

por vítor, em 15.10.07

 

 

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O eng . Macário Correia está cansado de Tavira. Depois de ter apostado tudo no cavalo errado nas directas do PSD ( e a cara com que apareceu na noite da derrota, ao lado de Marques Mendes,  diz tudo sobre a sua imensa amargura), volta a apostar, numa reviravolta de 180 graus, no novo paradigma populista de Meneses. Em nome da unidade do partido, ei-lo de novo na estrada que o poderá levar para longe de Tavira em 2009.

 

"Estamos aqui para dizer que queremos trabalhar com moderação e poder ganhar em 2009. Temos de trabalhar todos do mesmo lado", foram algumas das palavras de Macário Correia, cujo discurso foi logo de seguida aplaudido na intervenção de Marco António Costa, um ferveroso adepto do novo manda chuva do partido.

 

Como autárquicas e legislativas vão ser coincidentes no tempo, já estou a ver a estratégia. Candidatar-se de novo à Câmara ( o PSD de Tavira, sem ele, é um deserto estéril) e, se os laranjas ganharem as eleições para a Assembleia da República, dar o salto para o governo da nação.

 

A estratégia comporta poucos riscos:

1 - Com a ineficácia política do PS local, as eleições locais serão um passeio já visto anteriormente;

2 - Se Meneses não ganhar ( o mais provável) não será responsabilizado;

3 - Neste caso, será até um vencedor. A sua primeira escolha não foi esta;

4- Ficando na presidência da Câmara continuará a ter um palco previligeado e rampa política para novos voos na política nacional. Uma espécie de reserva moral dos social-democratas.

 

Para nós, tavirenses, o mais provável é passar a ter um presidente triste e demotivado com tudo o que isso comporta de negativo para o nosso desenvolvimento. Aí,os interesses imobiliários poderão, finalmente, tomar conta dos nossos destinos. A vida tornar-se-á impossível para os que amam esta Terra.

 

 


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publicado às 14:37


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