Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Algumas vezes os milagres acontecem
Nas esplanadas do café, não chegam a horas
Para acordar quem precisa de repousar
Das loucas filas que se estabelecem
Nos esconsos armário da felicidade.
Há pessoas que tomam pílulas para dormir
Quando descobrem que a vigília é um estado
Terminal que visa perpetuar as conversas ambulantes,
As serpentes que perseguem as caras que emergem das noites.
Pesadelos ambiciosos no sono inútil, cancro que se instala
Nas ideias que fumegam nas chávenas de café.
O café é forte e o empregado atende as velhas
Com malandrice concupiscente. Ali, só a morte
Impõe o cumprimento da vida. Se não morrêssemos,
Ninguém largaria uma conversa a meio, ninguém
Se levantaria da esplanada fria sem se despedir
Para sempre. Todos fumávamos e ríamos e troçávamos
Da inflação, não haveria subsídio de férias, nem paraísos fiscais,
Nem mesmo bancos na Suíça. As férias seriam eternas
E a sobrevivência estava assegurada pela imortalidade.
Não haveria ambivalência nos escritórios onde
Se negoceiam as dívidas soberanas e as agências
De rating não fariam poemas atirando dados.
Nas esplanadas continuar-se-ia a tomar café,
Talvez aguardente de medronho da serra, as velhas
Seriam mais velhas, pois a morte nunca chegaria,
E os coveiros frequentariam workshops, fazendo
up grade dos ossos que manipulavam,
E passariam a exercer carreiras de sucesso
No mundo da alta finança.
No crescente e rentável negócio das esplanadas,
O tráfico de influências daria lugar a happenings
De solidariedade social, performances plásticas
Sem redundância nenhuma, sorteios de ganâncias
Desprovidas de valor ou meetings de pontos de vista dejá vus.
O vil metal chegaria de mercedes-benz, e de carro funerário,
E no coche barroco do falecido d João 5º.
Falecido??!! O que é isso?, perguntariam as crianças
Post mortem. No passado as pessoas morriam,
Ausentavam-se para sempre, explicaria um transeunte
Manhoso, erguendo, respeitosamente, os olhos ao céu.
Há cadáveres famosos que nos enformam os desejos.
Teimam, mesmo defuntos – descansados sejam -, em alienar-nos
O pensamento, em gritar fazendo estremecer as pedras
Tumulares. Se não morrêssemos, o futuro não seria o vazio
Que tentamos escravizar, o mundo que não conseguimos
Desocultar quando avançamos na escuridão.
Na esplanada os pássaros depenicam partículas
Recebidas por correio eletrónico, provocam os adultos
Com peidos monumentais e sorriem às crianças
Que os escolhem para amigos desinteressados.
Se não morrêssemos os cientistas deixariam
De tentar explicar as coisas e tentariam interpretar o nada,
O nada e a sombra que anuncia o fim sem fim. Nem é fácil
Imaginar o poder dos mecanismos que regem os mercados,
Nem fácil colocar bombas nas instalações dos bancos de investimento.
O grito fascista que ecoou na Ibéria profunda encontra
Seguidores nos caminhos irregulares dos desvalidos.
Viva la muerte, será o regresso às origens onde o vento
Açoita a tarde.
Nas esplanadas voltarão a ouvir-se os lamentos
Das vozes que reverberam as parangonas dos jornais.
VRSA, 21/11/12
pintura de Rui Dias Simão
Da janela escorria uma camisola ensanguentada.
Pingava na terra encharcando o vazio
Que se assomava por detrás das casas.
Três facadas na carne rasgando
Os tecidos nauseabundos, expulsando
O sangue em golfadas efervescentes.
A minha mãe já não mora aqui e o sangue,
Que também é o dela, cai no pântano
Morno cobrindo o chão da cozinha.
A camisola envenenando as ervas daninhas,
Alimentando os vermes que me consomem o corpo.
Agarrem-no!, ecoou como lâmina zurzindo
O ar brutal do bairro sórdido, não há crime
Sem castigo!, berrou o homem sem significado
Que assistia a tudo.
Nunca um crime foi sentido por mim
Nas fronteiras da solidão, respondi eu
Cobrindo a retaguarda.
Ratazanas sem compromissos escapuliram-se
Nas sarjetas iluminadas pelo odor dos enjeitados.
O vizinho do 2º dtº deu a primeira facada.
As outras que me rasgaram a pele e trincharam os ossos
Foram, no calor da refrega, atribuídas a incertos.
Conhecidos mas não identificados nas complexas
Poeiras que ensandeciam a tarde. A camisola
Aspergindo o espetro rastejante da pobreza.
Nunca ninguém fugiu de si próprio deixando
Um rasto de informação ofecendo
Aos caçadores de infinitos
O odor que os levará ao covil da presa,
Ao definhar do ritual do fogo e do sangue
Que rege o ordálio crepitando nas mentes
Experimentadas no silêncio, na viagem
Interrompida por deus.
A multidão rumina dissolvendo as persianas
Ululantes das personalidades elementares.
O crime percorre as ruas por entre
Conceitos duvidosos e ideias lancinantes
Abandonadas pelos que temem os estrangeiros
Nascidos entre os nossos. A matéria
Que compõe os heróis regurgita no princípio
Da noite, cadinho onde se fundem as ilusões,
E o crime assume a vertigem da virtude
Incontestável e una.
O sangue que brotoeja das feridas escancaradas
Sacraliza as ruas por onde prossigo procurando
A caverna dos prodígios labirínticos, a degeneração
Do corpo que reproduz o regresso ao fim.
Duma janela apontando a noite pinga
Uma camisola ensanguentada.
Vrsa 13/11/12
Um poema de Rui Dias Simão
Monólogos de Bartolomeu Dias
na morte de sua esposa
1- Criação: vivem pelas arqueologias do silêncio
reunidos durante as cálidas insinuações
do fogo sobre a pedra
2- Orgasmo: palavras marmóreas aéreas descem
à fixidez do vermelho
3- Morte: sibilina modorra desprende a língua do fruto
nas mutações da chuva o rio engorda
um objecto cortante arde-me frio nos dedos
sei a pulsação do sangue
digo logo para mim essa nuvem
rebente profusa em teu nobre peito
4- Solidão: a solidão transporta o resto para
a penumbra dos esgotos
única musiqueta de todas as maneiras
intransponível
faca
aparecem na babugem os peixes mortos
até isso me vem parar
às minhas mãos sozinhas
O meu amigo, e poeta enorme, Rui Dias Simão foi professor dois anos lectivos. Um em Rabo de Peixe, enquanto passeou, diletante, os ossos pela Universidade dos Açores e pelos bares de Ponta Delgada, outro em Vila Real de Santo António. Este último ano lectivo foi bruscamente interrompido quando numa tarde, a seguir às aulas, foi beber umas cervejas e jogar snooker com os seus alunos. Enquanto ajeitava o taco para bater a bola branca, um aluno carambolou a frase que interrompeu uma rica, se bem que curta, carreira de docente. "Qualquer dia até o meu cão dá aulas", atirou, batendo com estilo a referida bola. Nunca mais entrou numa Escola... o poeta, bem entendido.
Vem isto a propósito de um certo livro de poesia que certo "poeta" lançou num determinado mês de dezembro, que por acaso é o que corre na graça de deus. Qualquer dia, até o meu cão, o possante Matrix, edita um livro de poesia.
Portugal é um país de poetas. É uma certeza que os portugueses, sobretudo os poetas, gostam de alardear aos múltiplos ventos. É um país de poetas como o são o Canadá, a Venezuela, a Indonésia, o Burkina Faso, a Nova Zelândia ou o longínquo Botão. Tirando o maior dos maiores, o Fernando, o excepcional Luís e o perturbante Aleixo, o resto não sobressai da floresta de poetas que polui e, na maior parte dos casos, corrompe o plasma que nos esmaga.
"Também tu brutus", digo eu a mim próprio associando-me à poluição vigente. São excrementos (da alma?) senhor, não leveis a sério. Necessidades que não pretendem ser mais do que um escape libertador da alma. Reação exigida pela ação. Sendo a primeira pior que a segunda que já não é famosa. O que me consola, que nos consola, é que o produto expelido não incomoda nem se acomoda nos transeuntes. Não contamina nem dói a quem se exponha. Inocuidade sem mal. O que mais me preocupa são os amigos que, inconscientemente, me afagam o ego acreditando nas palavras incontinentes que se escapam da centrípeta vontade do emissor. Quem me dera nunca ter escrito uma palavra. Só posso prometer contenção, a osmose involuntária só parará com a morte. É uma doença cruel e crónica. O que me consola é a floresta que tudo abafa.
Ser editor de um poeta é complicado. Ser editor e amigo de um poeta bêbado, decadente e irresponsável é o inferno. Um inferno fascinante, mas um inferno. O meu amigo Rui Dias Simão é um dos maiores poetas portugueses vivos. No entanto parece constantemente querer desmentir-me: deixar de estar vivo.
Hoje tínhamos combinado ir ao lançamento do livro do Fernando Esteves Pinto, amigo comum, à Biblioteca Municipal de Olhão. Aproveitaríamos para distribuir a alguns amigos o último livro do Rui e das edições CATIVA, Poemas do Banco de Trás. Cheguei a sua casa, kantianamente, à hora combinada. Depois de muito insistir com a campainha, resolvi telefonar-lhe. Atendeu, com uma voz arrastada de bebedeira de três dias, da praia." É pá desculpa lá mas estou aqui na praia com um grupo de trissexuais".
Não tinha pensado nisso. A avenida estendia-se, rude e crua, até ao fim do mundo. Alguns candeeiros iluminavam o nevoeiro morno do Levante. As minhas pernas pareciam moles e frouxas, caminhava cambaleando no alcatrão esponjoso. Nunca tinha pensado nisso: bebia para ocultar a timidez.
Àquela hora da madrugada irresponsável, o calor mantinha-se à superfície das coisas. O ar irrespirável alimentava as insónias dos entes há muito retirados nos leitos burgueses. Nos lençóis encharcados de lama pestilenta. O maléfico soprar das aragens desérticas destrambelhava as mentes sóbrias.
Avanço ao encontro da imensidão da noite. A experiência diz-me que no fundo da avenida, junto ao porto, um bar ilumina as trevas. É o último reduto da loucura ambulante antes do Sol misturar tudo na intensa luz do Levante.
Aquele homem que percorre lentamente a borda da Ria é um poeta. Como todos os poetas procura a embriaguez do abismo profundo e inatingível. Generoso e sem retorno. É uma caminhada dolorosa e sem destino que engole o próprio caminhante. Uma autofagia que vai destruindo o sujeito e o objecto. Uma boca hiante a partir da qual o corpo se vira do avesso, desaparecendo nas vísceras tetónicas do inferno emergente. Uma longa batalha entre quem come e é comido, sendo que um e outro são a mesma entidade. Entre o destino e a razão.
Enquanto mija atrás de um contentor de lixo, uma figura mágica espreita por entre os restos nauseabundos. Os excrementos sociais que preencheram as ânsias medíocres da humanidade.
Por deus, é uma mulher!
De olhos muito abertos e uma boca escancarada e vermelha, concupiscente, fita o poeta. Toda ela é desejo e vontade de emergir da putrefação contida.
O poeta sacode a pila e não resiste aos encantos da visão miraculosa. Retira-a cuidadosamente do caixote pestilento e verifica, surpreso, que a mulher é jovem, durinha, leve e bonita. E está nua.
Mãe, telefona-me mãe!, grita na noite incompleta. Tu e eu somos os maiores que as estrelas envolvem. Tu, a melhor mãe que os tempos conheceram e experimentam. Eu, o maior poeta vivo que risca a face do planeta. Telefona-me mãe!, ecoa nas profundas cicatrizes da existência, num rugido lancinante e triste.
Caminha, agora, com a jovem ao colo. Leve como ar de Verão. Leve como algumas palavras que nunca são ditas. A timidez irrompe das entranhas instáveis e, no lento processo de auto-fagia, nunca se sabe se vem de dentro ou de fora. É preciso aplacar-lhe os propósitos misantropos que atropelam a alma.
Rui Dias Simão à conversa com Fernando Esteves Pinto
1 – O surrealismo dá-te muito trabalho?
R: Sobretudo à segunda-feira (sorriso)... A escrita é, em mim,
quando acontece, uma terapia lunissolar e estruturante; por
isso, uma atitude de trabalho inicialmente se não vislumbra
e evoca.
2 – A desestruturação mental é uma vantagem para um poeta se
sentir confortável num ambiente surreal?
R: Para já, antes pelo contrário... em boa hora, cada anzol,
cada peixe; em suma, é preciso estar muito estruturado
para saber finalmente desestruturar.
3 – Imagina que dividimos uma garrafa em três partes
(o fundo da garrafa, o corpo da garrafa e o gargalo),
as quais representam respectivamentetrês fases do dia
(a manhã, a tarde e a noite). Qual é a fase que te influência
mais no processo criativo?
R: Debaixo da Lua, sem (100) garrafas...
4 – Fala-me dos teus Animais da Cabeça.
R: É um livro que nasce de uns desenhos que fiz por volta
do ano 2000, os quais estiveram longamente pousados
sobre um sofá lá de casa, até que.
5 – O desenho e a pintura são o outro lado dos teus poemas.
Correspondem à clarificação mental do teu imaginário poético.
O que vês quando escreves poesia?
R: A mulher, a tal, nua, dentro dos translúcidos espelhos.
6 – Tens consciência de que a tua poesia marca uma atitude,
uma linguagem, que é no essencial a tua própria imagem e
comportamento perante a vida e os outros?
R: Tenho. Afinal, talvez não ...
7 – Que realidade entra nos teus poemas?
R: Neste livro ( os animais da cabeça), uma pseudo-realidade quase
fora de si mesma.
8 – Há um diálogo implícito nos teus poemas. Que diálogo é esse e
com quem?
R: Só pode ser com o eventual leitor e a literal surdez do mundo.
9 – O teu último livro “Os Animais da Cabeça” é, quanto a
mim, um breve tratado psico-filosófico sobre o género humano.
É na desconfiguração do quotidiano que investes a tua racionalidade?
R: Parece utópico, mas existe de quando em vez na minha escrita uma
certa irracionalidade a investir no quotidiano.
10 – Em quase todos os teus poemas verifica-se uma linha bem
definida de transição entre o sentimento pessimista da vida e o
sentimento cómico, risível da vida. Como te defines perante
a realidade?
R: Na totalidade dos contrários...
Saiu hoje para a rua. Debruce-se para dentro de nós e entre para o banco de trás. Venha respirar o futuro.
quando inclino o corpo
Quando inclino o corpo para a lentidão
redonda dos teus seios, vejo atentamente
que ainda não respiro o futuro.Sabes,
o pólen cai na boca dos que abrem
o silêncio. Sobra talvez uma fuligem em
cada pulso, levanta-se um leve vento,
mas os dias animados sequer encolhem
quando enlouqueces com as tuas baças
unhas amarelas...
Não é assim a casa desta manhã quando
os pintassilgos folheiam os cardos, e a cama
é devagar ao lado duma fogueira desmaiada.
As cabeças estremecem um pouco no
regresso do sol das dunas, há um navio
que deambula ainda no corpo, na exígua
memória duma guitarra e outras cordas e peixes.
Sim, alguém se debruça para dentro de nós,
quer sacudir a profunda alegria de sermos
uma realidade com sonho aberto...
Todavia temos os castelos que inventámos
após o murmúrio dos pinheiros altos, onde
guardámos as amoras, os medronhos
secos. Bebemos agora a água que resta
doutro vinho, proclamamos a prenhe volição,
a visceral palavra, e embora com uma ramela
a descansar em qualquer labirinto disponível
somos um carrossel de emoções descobrindo
aquilo que pressagiámos durante a vária
areia. Inclinamos o corpo e vemos atentamente
que ainda não respiramos o futuro...
Rui Dias Simão, Maio de 2010, edições CATIVA.
À venda neste modesto estabelecimento pela módica quantia de 7,5 euros (+ envio).
O novo livro do poeta Rui Dias Simão já borbulha, ígneo, nas rotativas do tempo próximo. Poemas do Banco de Trás, assim se nomeará o dito (so?), sairá (saltará) para a luz dos dias nos alvores de maio. A editora, a de sempre. A que existe para o editar (e celebrar): Edições Cativa.
Depois de ter encontrado o Rui em Tavira (vide último post) encontrámo-nos em sua casa à tarde para afinações na capa e no miolo do seu livro último," Poemas do Banco de Trás. Também lá compareceu, como é óbvio, o paginador e gráfico de serviço, o Nuno Viana. Nas Edições Cativa é assim que se trabalha: autor, editor e gráfico, em conjunto, edificando a obra que se anuncia. A tarefa, ou melhor as tarefas, são extremamente complexas e morosas e saímos dali já ao fim da tarde. O trabalho, é claro, foi acompanhado com bastante cerveja e muitos cigarritos.Fomos em seguida para Cabanas retirar o motor e o panado do imperador da Ria, essa nave lendária que dá pelo nome de Hipantropias. O Inverno especialmente rude deixou estragos no casco da embarcação e é preciso virá-lo, subi-lo para a areia seca e proceder aos reparos e pinturas necessárias. Originalmente construído em madeira, este Doris saído da mítica oficina do mestre Cagones, o último construtor de barcos de madeira em Tavira, apresenta já hoje o fundo coberto por fibra de vidro. Esta, sendo mais fácil de trabalhar do que a madeira, é, também, mais frágil aos encontros indesejáveis com os fundos rochosos que rasgam a casca sintética sobre (neste caso sob) a madeira original. Dificuldades em encontrar calafates e outro mestres de construção e reparo naval na tradicional madeira, levaram o Rui a reparar o fundo do Hipantropias com o material mais comum nas embarcações de hoje e com mais técnicos disponíveis. Para além do fundo, o barco apresenta ainda as velhas madeiras originais do mestre Cagones.
Montados o motor , o panado, os remos e outras partes soltas da nave na minha pick up, deslocámo-nos ao Adriano para beber uma cerveja. Lá chegados encontrámos o amigo Greg e o Baptista e juntámo-nos a beber e a petiscar. Esquecida estava a ideia inicial: beber uma cerveja. O Greg, um lobo do mar inglês que atravessou o Atlântico no seu catamaram, fugido da Venezuela vá-se lá saber porquê, e aportou em Cabanas há já uns anos, falava em Inglês e castelhano, o Baptista, condutor de barcos que levam turistas para a ilha, comunicava em português e castelhano, o Rui, à medida que o tempo passava e as cervejas iam enchendo a mesa, utilizando as línguas referidas e atalhando o francês, eu, que em línguas faladas sou um nabo, lá ia comunicando em português e castelhano, que domino razoavelmente, e à medida que a noite avançava, aventurando nas línguas de sir Alex Fergunsen e Cantona. Chegou então um pescador que venceu um cancro para continuar a ser o melhor pescador da costa do Sotavento. Já não sei em que língua comunicava. A noite avançava e no meu telemóvel caiam mensagens e chamadas. Temia o pior quando chegasse a casa.Quando finalmente a companhia foi desfeita, não sei bem em que circunstâncias nem a que horas, e me dirigi para casa cautelosamente, fui recebido, para meu espanto, com sorrisos por todo o lado e com a sempre agradável expressão, que qualquer homem, ainda por cima já entradote, sempre adora, "vens lindo"!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.