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O panorama da literatura portuguesa é um deserto bem árido. Nesse deserto emergem, raras vezes, oásis flamejantes que se projetam na história da literatura universal. Esses oásis disfarçam a mediocridade dominante. Com os dedos de uma só mão contaríamos os génios da literatura universal que também o são da literatura portuguesa. Temos Luís de Camões, temos o maior poeta que se passeou na crosta da Terra, Fernando Pessoa, e temos José Saramago. O resto é paisagem. Por vezes indistinta. Rasa e nula.
Hoje, desapareceu fisicamente o maior prosador da língua portuguesa e um dos maiores da literatura universal. Chamava-se José. A plateia pateou-o muitas vezes. A genialidade é desassossegante e o desassossego é a morte do burguês. A literatura portugesa é burguesa. Contentinha e vaidosa. Auto-satisfaz-se e não arrisca. É um mundo de palmadinhas nas costas e de apresentações de uns para outros e de outros para os mesmos. Hoje é um dia verdadeiro. Todos vão tentar ser seus amigos. Todos irão esbarrar com a morte que traz a eternidade.
Este foi um dos homens mais importantes da minha adolescência. Morreu há 50 anos.
Trabalho gráfico e audiovisual de Adão Contreiras, um dos algarvios que o ALLgarve censura por omissão.
Sexta- Feira lá subirei, com muito custo, à cidade. Dever de editor. Só por isso abandono o meu sagrado eremitério. E mesmo assim, até ver...
Apareçam!
Conhecia-o de vista na FCSH , da Nova. Era um sucesso entre os alunos ( sobretudo entre as alunas). Infelizmente não pertencia ao corpo docente que tínhamos em Antropologia.
Mais tarde tornei-me seu amigo através das crónicas diárias no nosso Público. Como amigos verdadeiros, nem sempre concordávamos.
Agora, vou sentir o vazio de uma incompreensível ausência. A ausência do verbo...
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