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cacofonias

por vítor, em 15.09.21

A verdade só existe na natureza. E mesmo aí… nem o penso logo existo de Descartes convence toda a gente. Numa sociedade liquefeita – à maneira de Zygmunt Bauman, a verdade e a mentira, e os eufemismos que as maquilham, vestem e travestem, deixaram de ter fronteiras nítidas e confundem, e fundem, as mentes de uma sociedade ávida de verdades e valores. Na liquidez pastosa do pântano social, são necessárias, como alimento vital, ilhas salvíficas para náufragos sociais desesperados.

Voltar atrás, aos valores e às simbologias bem desenhadas nas representações sociais dos transeuntes e refletidas nos comportamentos antropológicos, é a vontade de uma parte significativa da sociedade. Só que na História, os únicos que regressam ao passado são os… historiadores.



A classe média acabou, a burguesia está acantonada num gueto, desorientada e sem saber como de lá sair, as marcas e as novas vagas estão entregues a arrivistas doidos e jogadores compulsivos que se auto destroem (com gozo, diga-se de passagem). A efemeridade impõe-se e a logomania é uma quimera que se desfaz por entre as múltiplas nebulosidades. A cacofonia vai ser o padrão comunicativo...

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publicado às 16:56

o caminho é uma metáfora do futuro

por vítor, em 15.09.21
Sabemos mais hoje do que saberemos nos dias futuros e as nossas mãos só recordarão as dores do veneno crescendo do passado. Obscurecendo as memórias do tempo em que convidávamos os pássaros para nos contarem histórias de encantar: histórias mágicas do passado, claro.

Sabemos mais hoje sobre o esquecimento, mnemónicas arrancadas à morte, do que das vivas ribeiras irrigando a consciência, do que das jovens células implodindo as veias ocas que conduzem as cápsulas da informação divina: colapsos abismais rasgando o tecido da memória, da perceção do fim.

Se nos inclinássemos sobre a mesa onde os dados são atirados ao acaso, poderíamos rir e apodrecer – assim – felizes sem nunca violar o que a nossa própria identidade reflete.

O caminho é uma metáfora da inércia e dos sentidos, uma tentativa vã de explicar e destruir as barragens que impedem a infância de chegar até nós.

Sabemos mais antes do que depois. Do principio do que no remate de tudo. No fim e na morte não nos restará nada. Nem sequer um sonho numa noite fria.

Convidar pássaros para recriar a infância, seria a solução para te entenderes e poderes procurar-te até ao dia da criatura final. Inacabada e só. Os pássaros não aceitam convites de escritores e o fim fica longe de tudo. Mesmo da tua ignorância.

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publicado às 16:51

As Gargalhadas de Deus

por vítor, em 05.11.20

O filósofo e poeta Luís Serguilha falando-nos dos tempos de hoje e dos tempos dos tempos.

 

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publicado às 15:25

alf@, trabalho e curtição

por vítor, em 07.09.10

 

Setembro é um mês terrível. Recomeça o trabalhinho que permite obter  as coisas para o dia-a-dia, inicia-se a campanha da alfarroba. O preço cada vez baixa mais ( o ano passado a arroba era a 4.80 €, este ano é a quatro) e a paciência cada vez é menor. Como já vos disse é um trabalho bom para filosofar, para o encontro connosco e com a "natureza". Mas passar horas a varejar, a apanhar e a transportar as sacas para o armazém é um exercicio de filosofia zen que me começa a pesar. Este ano, ando na campanha com o meu filho mais velho. É uma epécie de represália pelo seu primeiro ano de faculdade desastroso. Coitado, doi-lhe tudo e arranja todas as desculpas possíveis e imagináveis para se cortar.

Para o ano tenho que arranjar alguém que me faça o trabalhinho. Como?, não sei ainda bem, mas alguma coisa se há-de conseguir. O que me consola é que o trabalho na terra funciona como a frequência do ginásio. Já começo a ficar com um cabedal de fazer inveja aos cinquentões, e às cinquentonas, cá da terra...

Ainda por cima, o trabalho/trabalho, este ano,  tem a novidade de se iniciar com os tais de mega-agrupamentos e tem sido uma mega confusão. Mas não há-de ser nada.

Temos portanto uns dias em cheio: de manhã e parte da tarde, mega trabalho com novas caras, novos espaços, novos procedimentos, novas manias e novas confusões; ao fim do dia, alfarroba e mais alfarroba; à noite, aniversários de amigos, amigos que chegam e que partem (copos e tabaco em excesso), filhote mais novo que sai com os amigos, etc,etc,etc. Tem sido duro. Amanhã, tudo recomeça.

 

O que me consola é que, depois de um Verão extremamente longo e quente, vem aí a chuva e o frio...

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publicado às 23:06

filosofando com as águas

por vítor, em 06.06.10

Filosofando na Quinta da Cativa. Utilizando o velho método árabe da regueira e da caldeira (bem visíveis no pátio da Mesquita de Córdoba, só que aqui fixos) cá vamos passando as horas. Aqui há uns poucos anos, os filhotes acompanhavam a rega de rojo eufóricos. Corridas de barcos, nos graciosos "rios",  e água no Verão eram atrativos incontornáveis. Agora, nem por lá aparecem para dar uma mirada. Perde o pai, ganha a filosofia...

 

 

a caldeira, já cheia;

 

 

"rios";

 

 

um pequeno pomar biológico;

 

 

a amiga (não das mãos) neolítica;

 

 

amiga à sombra: para fumar um cigarrito e assentar sofias.

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publicado às 22:52

imortalidades

por vítor, em 07.04.10

Anselm Kiefer

 

Cago na imortalidade sem corpo.

 

(um filósofo politicamente incorreto)

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publicado às 00:16

algo e nada

por vítor, em 31.03.10

 

Porque é que há algo em vez de nada?

 

Gottfried  Wilhelm Leibniz

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publicado às 15:41

jornalismo e jornais: um mundo paralelo

por vítor, em 10.04.09

Quem assim escreve e assim pensa tem a minha solidariedade. E estou-me cagando para quem namora com quem.

Como dizia o filósofo alcoólico da minha aldeia, Vivaldo Catraia, "Cada um é como cada qual e cada qual é como cada um."

 

PS: Lembro-me dela na FCSH, quando eu pertencia à Associação de Estudantes, e sempre me pareceu que era moça de antes quebrar que torcer. E parece que não me enganei.

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publicado às 14:14

 

O mundo capitalista está em convulsões. O mundo inteiro. O capitalismo é o modelo económico/ideológico global do planeta e apenas os interstícios da tecelagem escapam à sua voraz heterofagia. Até depressões marginais se ressentem do estertor global: as migalhas do bodo deixam de se precipitar das toalhas bordadas quando os comensais sentem a fartura a esvair-se. A indigência alastra. as poeiras das implosões raramente assentam na base das estruturas. No main stream recorre-se às reservas e os ácidos estomacais não trabalham no vazio.

 

Quando o capitalismo se reergue da grande depressão dos anos 30, o planeta acordou dual. A oriente o comunismo, a ocidente o velho e recauchutado  capitalismo. A rápida entrada na 1º Guerra Global (1939/1945) baralha e volta a dar (e por isso essa crise não poderá funcionar como modelo para a saída da actual) e emerge-se do vazio ideológico da Guerra mais dual e maniqueísta que nunca. Anjos e demónios acantonam-se nos dois lados estanquicizados mudando conforme o ponto desde onde se os observa. A "cortina de ferro" dinamiza, fortalece e cristaliza dois paradigmas que se contendem e alastram pelos campos planetários da não ideologia. A luta é fria no centro mas escalda nas periferias.

 

O capitalismo prospera mas tem medo. Medo da força e medo da ideologia operária. É este último medo que regula os excessos do capitalismo liberal. A ganância, o dinheiro antes do homem e a auto-regulação.

Em meados do séc. XX já só, paradoxalmente, o capitalismo acredita no comunismo. Na sua força moral e filosófica. Os cidadãos do mundo socialista já rejeitaram a modelação do "homem novo". Sobrevivem adaptando-se às arbitrariedades dum paradigma de igualdade medíocre e totalitária. As nomenclaturas já só reproduzem... as nomenclaturas, num bailado escabroso e mortal (curiosamente numa lógica churchiliana de este mundo é uma merda, mas é o menos merda de todos).

Os capitalistas, ainda crentes no comunismo actuam com carapins de lã. Os "direitos dos trabalhadores" irrompem como nunca, em lado nenhum da História. Subsídios de férias, décimos terceiros meses, subsídios de desemprego, baixas por doença pagas, licenças de maternidade, direitos sindicais "avançados", reduções de horário laboral, etc, etc, etc; não são "conquistas dos trabalhadores" (ou não são só) e avanços civilizacionais. São cedências impostas pelo bluff que se instalou a Leste. Cedências ante o medo do modelo moral que poderia levar os "explorados" do ocidente a revoltar-se e a abraçar o paraíso da "sociedade sem classes".

 

Não é por acaso que o modelo económico capitalista solar (ainda só! há 30 anos) era o do Japão. A empresa era uma família, o trabalhador vestia a camisola da sua unidade produtiva e trabalhava nela até à velhice. Patrões, quadros superiores e trabalhadores em geral eram iguais e só se distinguiam pela complementaridade orgânica da produção. O capitalista de chapéu alto (o tio Sam) estava sem glamour. O próprio capitalismo estava sem sex-appeal e não era o capitalista japonês que o tinha (filmes como o 9 semanas e meia só foram possíveis muito depois).

 

Mas entretanto a "terceira vaga" de Tofller varreu o ocidente e alastrou, sem convite, a oriente. As tecnologias da informação e da comunicação (sic)  penetraram por entre as grades da "cortina de ferro" e mostraram aos aparvalhados "cidadãos de leste" um "maravilhoso mundo novo". Parte dele, objectivamente, transportando uma carga considerável de ilusão, engano, propaganda  e pseudo-realidade. Foi este mundo novo, e não o patético Reagan, que estilhaçou cortinas e muros e homogeneizou as partes.

 

Sem o regularizador a Leste o capitalismo iniciou uma cavalgada selvática pelas planícies- sôfregas-de-homens-velhos-à-espera, distribuindo magia e recolhendo dividendos sem fim  para gozo e baba de accionistas e gestores. A desenfreada cavalgada correu maravilhosamente até ao final do século das ideologias, ajudada pelo sustento imponente das novas tecnologias e pelo acordar de mundos distantes e há muito ensimesmados. Este beijo mortal do capitalismo constituiu o seu apogeu e a sua queda. Trouxe para a compita económica global outros contendores onde o capitalismo, aproveitando um húmus cultural favorável e irrepetível, floresceu como cogumelos em estrume de cavalo e provocou o acordar trovejante desse mundo paralelo, o Islão, esse "outro lado" tão distante e tão perto...

 

Estamos numa encruzilhada civilizacional complexa e de difícil desembaraço. Os próximos anos serão excitantes mas, terrivelmente, inseguros e perigosos.

Como irá reagir o ocidente à apropriação oriental do capitalismo? Como irá reagir às inúmeras expressões do renascimento do Islão? Será a guerra (quente) a funcionar como desbloqueador?

 

Quem irá regular quem?

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publicado às 18:58

Alfarrobas e adolescência

por vítor, em 01.09.08

 

Nos tempos da apanha da alfarroba pareço mergulhar na adolescência. Só me apetece entrar pelas noites adentro como gato à procura de sonhos já sonhados...

 

PS: Não tenho andado com disposição para grandes escritos. No entanto estou pouco preocupado. Como diria a grande filósofa dos nossos dias, Lili Caneças, não escrever é só o contrário de escrever.

PS1:O meu amigo Pedro Alves vai compensando esta ausência de palavras novas com algumas referências a palavras antigas e projectos novos deste vosso criado. Recomendo-vos vivamente a passagem pelo canal sonora, o belíssimo blog do amigo supra citado.

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publicado às 14:20


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