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viva la muerte

por vítor, em 28.02.10

 

 
JN
28 Fevereiro 2010
 
 
   
 
 
 
 
                                             
 
 
"Viva la muerte"
 
"Viva la muerte"
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Só nos faltava esta: uma ministra da Cultura para quem divertir-se com o sofrimento e morte de animais é... cultura. Anote-se o seu nome, porque ele ficará nos anais das costas largas que a "cultura" tinha no século XXI em Portugal: Gabriela Canavilhas. É esse o nome que assina o ominoso despacho publicado ontem no DR criando uma "Secção de Tauromaquia" no Conselho Nacional de Cultura. Ninguém se espante se, a seguir, vier uma "Secção de Lutas de Cães" ou mesmo, quem sabe?, uma de "Mutilação Genital Feminina", outras respeitáveis tradições culturais que, como a tauromaquia, há que "dignificar".

O património arquitectónico cai aos bocados? A ministra foi ali ao lado "dignificar" as touradas. O património arqueológico degrada-se? Chove nos museus, não há pessoal, visitantes ainda menos? O teatro, o cinema, a dança, morrem à míngua? Os jovens não lêem? As artes estiolam? A ministra foi aos touros e grita "olés" e pede orelhas e sangue no Campo Pequeno. Diz-se que Canavilhas toca piano. Provavelmente também fala Francês. E houve quem tenha julgado que isso basta para se ser ministro da Cultura...

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publicado às 21:46

um ermitério à prova de artistas

por vítor, em 09.03.09

 

Hoje apetece-me sair de meia branca, camisa aberta mostrando os pelos do peito e lamber a faca ao jantar. Depois de uma semana de imersão cultural, quatro dias seguidos de noitadas artísticas, fiquei cansado. Cansado de artistas.

 

A censura está em toda a parte.  As estratégias de captura do ascensor social, subtis e indeléveis, impregnam toda a esponja tribal.É uma tortura silenciosa  que arrasa os mais frágeis, os que não têm resposta a esta violência opressora que consome a energia do outro enquanto outro.

 

Os ritos desconstrutivos são tanto mais eficazes quanto mais forem apontados à hipocrisia dominante. A liberdade é um espaço sem escala cultural. O veículo  que nos transporta ondula nas descontinuidades mentais dos que a amam e respeitam. Os que leva sempre traz.

 

Regressado ao ermitério da Cativa, descansarei até não mais...

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publicado às 17:02

ainda aqui este lugar

por vítor, em 12.09.08

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publicado às 21:13

Alfarrobas e Cascabulhos

por vítor, em 05.08.08

 

 

 

 

 

A noite caiu cálida e serena. A casa do Rui encheu-se de gentes que não se rende.  Gente vinda de outro mundo que caminha para outro mundo,  enquanto agita este mundo. As noites destas gentes rasgam caminhos sinuosos que traçam riscos de solidão nas vidas incompletas. Nada pode prever os ziguezagues apocalípticos, as longas rectas sem destino. As palavras são cruéis e imprevisíveis, mutilam e abrem brechas nas crostas ideológicas da multidão. Vergastam a pele dos que sentimos mais próximos. As mudanças indispõem os organismos e são a força vital da sobrevivência. A mudança é a vida e predispõe a morte.

Na noite cálida que lavrou o tempo, o cálice ergueu-se pingando o vinho e tilintou nas esperanças da recusa de eternidade. A velhice saiu à rua e gritou aos ouvintes incrédulos a impossibilidade de regressar a casa. À casa dos teus avós. À genealógica euforia do devir. O mar entranhou-se, sem estranhezas, na confusão dos espíritos perplexos e aspergiu gritos de aflição na vizinhança amortalhada: a reacção foi desproporcionada à acção. Gente, que ninguém soube de onde vinha, envolveu-se na contenda do cálice e das palavras. Abafaram-se ideias de lucidez feroz. Louca. Os amigos enervam-se quando nascem profetas fora de prazo. Profetas que conhecem os meandros das consciências estagnadas. Das consciências marcadas pela violação dos direitos adquiridos no super mercado   da sabedoria empacotada.

A casa do Rui flutua na noite. Enquanto os argonautas se digladiam na planície repleta de sombras, o anfitrião serve pérolas em cascabulhos roubados à lama escabrosa das almas inquietas.

As calmarias surgem na madrugada quando a conversa se concentra  num chão pejado de alfarrobas.

 

(PS: Não ligar à conversa mole deste vosso criado. As noites-da-casa-do-rui são monumentos rituais celebrados em honra de Baco)

(PS1:Este texto, que saiu de rompante à velha maneira surrealista, é dedicado  ao Adão que  tudo filma, compõe e edita e que nunca aparece)

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publicado às 23:30

Tertulia de Despedida a um Amigo

por vítor, em 12.05.08

Valdir "Bugiganga" regressa ao distante Paraná. "Pé-Vermelho", volta às terras vermelhas de Londrina.

 

Depois de alguns meses no Algarve e no Alentejo onde frequentou formação teatral, foi actor, encenou uma obra sua e animou tertúlias e encontros de poetas, deixa o nosso país que foi pequeno demais para o acolher. Os horizontes sem fim do Paraná falaram mais alto... Com o seu coração do tamanho do mundo, deixou nos muitos amigos feitos em tão curta estadia uma saudade que fará para sempre a ponte entre as duas margens do Atlântico.

 

No palacete semi arruinado de Bela Mandil (perto de Olhão) a noite foi longa e bem regada. Valdir declamou e "voltou" aos seus tempos de menino e moço encantando com as suas aventuras nas terras vermelhas de Londrina. Aventuras de pobreza, alegria de viver e desenrascanço incompreensíveis para europeus aburguesados, mas absorvidas com emoção incontrolada e lacrimejante. Porque será a miséria e a atroz luta pela sobrevivência quotidiana tão bela e magnética?

 

Outro momento alto da noite foi a apresentação de um longo travelling de telemóvel feito pelo inenarrável Lucas, no bairro da Barreta em Olhão. Uma viagem de bicicleta pelas apertadas e sinuosas ruas da cidade das açoteias. Uma obra única e de arrepiar.

 

Como tinha ido de carro de Tavira para Olhão não  pude acompanhar  a embalagem dos vapores etílicos que se estendeu pela madrugada dentro. Retirei-me pelas duas da manhâ, perdendo, com certeza, o melhor da noite. Tive ainda tempo de registar no telemóvel duas ou três fotografias de péssima qualidade que vos vou deixar.

 

Valdir "Bugiganga", o Pé Vermelho de Londrina...

 

 

 

Fernando Esteves Pinto, romancista, poeta e meu sócio na editora 4 águas...

 

 

Rocha, o performer e animador de tertúlias no Café Aliança e no seu Marafado, na Rua do Crime...

 

 

José Bivar, o anfitrião. Descendente de El Cid, o Campeador, monárquico, neo-ruralista, artista plástico, criador da famosa Bienal de Faro e o homem que inventou a Rua do Crime e a sua primeira e mítica âncora: os Lábios Nus...

 

 

 

Nunca é demais referir a presença do grande Lucas e também do artista plástico e blogger Adão Contreiras, que registou tudo em video, entre outros e outras.

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publicado às 22:22

Ballad of a thin man

por vítor, em 13.04.08

Resta-me o silêncio envergonhado...

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publicado às 01:05

Água e Sal

por vítor, em 28.02.08

Podem ver aqui nesta polaroid este vosso criado preparado para entrar em acção no filme Água e Sal, de Teresa Vilaverde . Nenhum dos agentes o é. No entanto a encarnação nas forças da autoridade foi de tal forma intensa que, nos muitos tempos mortos do plateau , simples transeuntes curiosos  muitas vezes procuraram estes guardas para lhes perguntarem as mais diversas informações. Desde o que se passa aqui sr . guarda, até, onde ficam as finanças e a câmara municipal. Com uma infinita paciência, este vosso servidor lá foi aviando a grei que é para isso que um agente existe.

Já agora,  para quem não conhece este humilde actor, qual das personagens é o agente que este blogue alimenta? Dão-se alvíssaras.

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publicado às 21:23

Rotundas por encomenda

por vítor, em 22.01.08


Passei hoje na rotunda do "corno solitário", à entrada de Tavira, quem vem da via do Infante. Reparei que, depois de anos de solidão, o corno se prepara para ter vizinhança. Com a qualidade do falus solitário, temo pelo conjunto. Lá se vai a ideia que eu tinha para dignificar tão nobre entrada da cidade. Um conjunto escultórico em que três portas, uma cristã, uma islâmica e outra judeia , desenhariam um triângulo, de onde sairiam três ramos de escadas convergindo num globo terrestre, no centro do triângulo (e da rotunda). Constituiria uma homenagem da cidade e da região às matrizes culturais que as edificaram. Pronto, lá se foi a possibilidade de  ficar  ( moi même ) na história da minha cidade. No entanto a ideia por aí fica e estou na disponibilidade de a ceder a quem queira  usá-la para o bem público.

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publicado às 18:06

Homero e o enigma dos piolhos

por vítor, em 22.09.07


Homero, o maior sábio da Grécia, inquiriu o oráculo sobre quem  e de onde eram os seus pais. Quando lhe foi dito que sua mãe era natural da ilha Io   e que seria esse o local da sua próprias morte, uma curiosidade ardente consumiu-o por dentro. Não descansou enquanto não visitou a  ilha.

Desembarcou na terra de sua mãe e uma serenidade inteira e tão confortável que até parecia obscena,  a quem de nada precisava para ser feliz, apoderou-se de todo o seu ser. Alma e corpo num só sujeito a caminho da eternidade.

Quando se deliciava com os sons do mar genético,  acolhedor e misterioso, deu conta  que dois pescadores regressavam dele sem qualquer peixe nas redes. Quando se aproximaram, o sábio dos sábios, questionou-os sobre o porquê do fiasco da pescaria. Responderam: o que apanhámos deixámos, o que não apanhámos trouxemos. Homero sorriu de contentamento. Um enigma! Durante a sua longa vida tinha-os resolvido a todos e a sua fama de desenrolador de meadas enleadas e ocultas tinha chegado a recônditos lugares do mundo conhecido. Atirou-se a ele com a voracidade de jovem principiante. Pensou, repensou, voltou atrás e experimentou vários caminhos sinuosos e  áridos. Rugosos e escorregadios. Relembrou enigmas e mistérios desvendados por si e por outros sábios. Gregos e bárbaros. Voltou a percorrer os sombrios caminhos da mente em sentido contrário. Mirando e remirando  todos os becos e meandros do pensamento. Ao fim de um longo tempo, que lhe pareceu tão comprido como a sua longevidade terrena, desistiu e, humilhando-se até não mais poder, perguntou aos pescadores qual a resolução do enigma. Por breves instantes pensou que o enigma não era senão uma brincadeira de mau gosto e que a solução não poderia existir para além de Homero o velho que tudo adivinhava.

Os dois pescadores riram a bom rir e disseram: os piolhos. Os que apanhámos deitámos ao mar. Os que não apanhámos trouxemos connosco para terra.

O maior sábio que o mundo antigo conheceu estremeceu em convulsões revoltosas e borbulhantes e mesmo ali deixou os vivos para se embrenhar no distante e numinoso mundo de Hádes . Assim se cumpriu o vaticínio fatal do oráculo.

 

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publicado às 00:22



Então,  já não se pode ter direito à opinião livre? Eu, que irracionalmente  detesto tudo o que é castelhano e que me delicio com uma derrota da selecção espanhola com os longínquos checos ou japoneses, não percebo como é que toda a gente cai sobre o homem. Se dissesse que Portugal se iria integrar no Magreb não seria mais esquisito?

Depois admiram-se de termos a direita que temos. Temos?! Ainda existe?

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publicado às 22:47


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