Fixei os olhos no canto da janela. Saiu daquela paisagem e foi-se debruçar para o mar e vi uma gaivota mergulhar em vírgula numa embarcação decadente que violara as vidraças. Tentei não reparar que as persianas faziam malha no centro das nuvens em forma de guarda-chuva.Consegui com isso uma leve impressão no céu da boca que me causava a mais terna sensação de mal estar já sentida por um semi-afundado espectro de fantasma de ourives. A paisagem voltou a entrar livremente pela janela esburacada sem pedir autorização à genialidade ali presente. Fiz de conta que o ritual era a condição necessária à permanência das angustias fora das suas gaiolas da Meia-Noite. Espremi os joelhos procurando não semear conflitos na espuma do Levante. Alguém acenou como que a pedir uma explicação desordenada e louca aos poderes calados dos mistérios segregados na rua coberta de pássaros perfeitamente enraizados na calçada da alma enlameada. Uma onda malandra! Vim apressadamente a tua casa amolgada por cigarros desfeitos de encontro às paredes da retrete. Onde vais com os olhos asfixiados de sabedoria pentagonal?
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