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Há música para além das play lists e dos tops. Os Mão Morta estão de volta. Este é o single Novelos da Paixão, o resto virá presto.
Porque é que há algo em vez de nada?
Gottfried Wilhelm Leibniz
Jaime Reis
Na minha idade tenho que ter cuidado com as emoções fortes. O Glorioso, O Grande, O Inominável continua a aspergir felicidade sobre os milhões que Nele depositam a sua vida e que Nele crêem até à infinitude.
Hoje 3-0 ao F.C. do Porto e a vitória na Taça da Liga. Na última quinta, vitória em França contra o grande Marselha, e passagem aos quartos de final da Liga Europa. Os tempos que se avizinham não vão ser fáceis. O coração é grande e está preparado para a felicidade que aí vem. No entanto as torrentes são sempre perigosas ... e belas.
PS tardio: Infelizmente sou um doudo por futebol. Bem vistas as coisas são apenas uns indivíduos de pernas ao léu a correr atrás duma bola. Mas a vida na aldeia a jogar futebol todos os dias, na meninice, e a federalização nas equipas a sério de Tavira (principalmente no meu querido, e extinto, Desportivo Tavirense - até se me arrepiam as penugens) fizeram de mim um adepto ferrenho e um expert inultrapassável. Isto vem a propósito do comportamento do Bruno Alves na final da Taça da Liga.Como expert, admiro o Bruno Alves e adoro vê-lo jogar ( eu também fui, uma vida, defesa central e dos bem rijos), mas nunca deveria ter acabado o jogo. É feio não saber perder e não saber honrar os que são melhores.
Quando atravessei a linha que separava a aldeia do resto do mundo, entrei num sonho estranho que me espantava e ao mesmo tempo esmagava. O medo pesava como a escuridão dos tempos em que as virgens sem consciência pariam profetas. Olhei atrás e vi desaparecer os dias que me abraçaram para sempre. Agora o roteiro seria traçado por mim, as agruras deixariam de ter o amparo da vizinhança.
Lançado na aventura de percorrer os caminhos dos outros, comecei por enveredar na direção que me pareceu mais fácil de entender. O breve cheiro da brisa refrescante. Instinto de animal ameaçado: o vento traria fragmentos do perigo que o futuro transportava e os suores da alma abandonada atingiriam o antro da minha vida, na aldeia difusa no longe que crescia. Enchendo os pulmões com o ar novo que vinha das terras do sonho por cumprir, avancei destemido nas planuras que completavam a traição que urgia desocultar. Voltar atrás era um sussurro incontornável nas paredes opacas da imaginação. A vegetação rasteira rareava nas bermas do trilho esotérico que ladeava o corpo, as árvores deixavam de projectar as suas sombras no espaço que corria sob os meus pés, os pássaros voavam ao sabor da correnteza dos ares sem olhar para os novos amigos da viagem. A própria poeira dos lugares sem esperança começava a assentar com o lastro do vagabundo inexperiente.
O burburinho que se aproximava, transportado pelo vento risonho do além, acrescentava à paisagem um travo acre a solidão. Quando o ruído tomou conta de tudo e, no horizonte, apareceram as primeiras construções brutalizando o olhar, senti o cabelo assustado e espesso.
De olhar turvo e mãos crispadas, entrei na cidade deixando a alma na periferia orbital. A penetração traumática no antro do devir inibe o desejo. A cidade é o fim do sonho e a certeza da inutilidade do retorno.
No outro dia andei por aqui a brincar aos artistas. Aliás, nunca fiz outra coisa senão brincar aos artistas, como ... toda a gente.
Santana Lopes é um verdadeiro enterteiner. Sem ele, e a sua lei da rolha, ninguém teria dado pelo congresso (sic) do PPD/PSD.
PS: Perdão, o Ricardo Costa da SIC ter-se-ia passado na mesma.
Nunca o avaliador poderá avaliar-se a si próprio. Todas as suas avaliações (enquanto sujeito e sujeito do sujeito) são, portanto, irrelevantes e falsas. Quando queres saber minimamente o que vales, relaxa e torna-te numa entidade mineralizada. As rochas falam por todos nós.
Portugal tem dificuldade em fabricar gente normal. Homens e mulheres simples, com vidas rotineiras e hábitos à partida tão banais que contagiam de felicidade quem os tem. Em Portugal só nascem iluminados transformados em agitadores da genialidade quando nem chegaram à idade adulta. Bom, quando lá chegam, tenham medo, tenham muito medo do que dali pode sair. Portugal é um país que se contenta com mitos: o mito da grandeza, o mito da língua, o mito da genialidade. Nunca há gente simples; só mentes brilhantes capazes de tudo para orientar o nosso caminho, sem nunca terem a coragem de sujar os calções - se eu estou a falar no Néné, por favor, lavem-me esta boca com sabão macaco. A genialidade é um peso que carregam. Um estorvo que partilham com os demais. Uma poção mágica que bebem e que os faz querer ser Obélixes a toda a hora. Nunca se apercebem do ridículo que é o auto-retrato: nem toda a gente tem o talento de comer javalis às pazadas. A genialidade não é para todos, muito menos para quem assim se considera. É crescer e aparecer, meus caros.
Apesar da chuva cair sem parar há três meses, o meu Sol continua a brilhar e a iluminar os nossos dias.
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