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On the Road Again

por vítor, em 29.01.09

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publicado às 23:03

O Transportador de Almas

por vítor, em 29.01.09

Anselm Kiefer

 

Faz hoje 10 anos que transporto. carinhosamente,  a alma de meu pai. Nestes cruéis e longos anos, a minha alma e a dele foram-se fundindo até se tornarem numa só entidade espiritual.

 

Como o veículo que as transporta se assemelha cada vez mais ao que transportava a primeira, cada vez menos sei quem sou eu e quem é ele. E isso dá-me uma serenidade infinita.

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publicado às 16:10

NOVAS OPORTUNIDADES

por vítor, em 29.01.09

O FREEPORT NUNCA VENDEU TANTO...

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publicado às 13:44

Pescadinha de rabo na boca

por vítor, em 27.01.09

Se consumimos muito, endividamo-nos. Se consumimos pouco, as empresas colapsam em cadeia.

 

Este paradoxo caiu como rinoceronte em enxame de abelhas. Esmagamentos, zumbidos e ferroadelas.

 

Como resolvê-lo? Parece que nem o crescimento zero é solução. Se sou rico e a minha riqueza cresce zero, continuo a ser rico. Fácil, não é? Porém, a esta simples equação respondem os economistas, NÃO!

E apresentam outro paradoxo: se a economia não cresce a ritmos superiores de 2%, não se consegue criar emprego e, pelo contário, o limbo dos desempregados incha.

 

Dois paradoxos à espera de resposta. Quem me ajuda a resolvê-los? Provavelmente seria o próximo Nobel da Economia.

 

PS: Bem, o segundo talvez eu próprio pudesse solucionar. Era só uma questão de tempo.

PS2: Uma bibliografia para meditar (se fosse no séc.XIX, qualquer dos autores teria sido internado num hospício, e no entanto...) A Suiça Lava Mais Branco, Jean Ziegler; O Deus das Moscas, William Golding; O Império do Fast Food, Eric Schlousser e o, velhinho, O Crescimento Zero, de um autor brasileiro que não me lembra o nome, nem tive tempo de procurar na minha biblioteca.

PS3: Não desesperem, leiam Nietzsche.

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publicado às 12:12

Belas e Perigosas

por vítor, em 24.01.09

 

A semana passada passei uma tarde a podar a minha buganvília vermelha. No Verão dá uma sombra refrescante e acolhedora mas no Inverno não deixa entrar o Sol pelas janelas e mantém o quintal húmido todo o tempo. Estava tão grande que parecia querer engolir a casa. É um trabalho terrivelmente perigoso porque a planta tem uns espinhos enormes, duros e pontiagudos. As minhas queridas mãozinhas que o digam. Saem sempre a sangrar desta tarefa. Mesmo sabendo que é uma tarefa necessária, tenho sempre pena de a fazer. Esta é uma buganvília que dá flor todo o ano e, mesmo não estando tão linda como no Verão, o desaparecimento das suas belas flores escarlates, parte-me o coração. Compensa-me saber que quando chegar a Primavera ela irá rebentar remoçada.

 

Hoje continuei com as podas. Novamente à volta de espinhosas e perigosas: as roseiras. 11 roseiras podadas e mais uma vez as mãos rasgadas. Desta vez não havia flores. Dormiam neste Inverno que vai longo. Daqui a dois meses embriagarão os ares com o seu cheiro e as suas cores. Vermelhas, rosas, amarelas, púrpuras. O trabalho será recompensado.

 

Um dia destes será o trabalho mais perigoso. Cortar as folhas das palmeiras. Deste tenho amargas recordações. Espetei um ponta de folha no peito do pé e fiquei com dores horríveis e dificuldades em andar durante dois meses. Até tive que usar uma velha bengala para me ajudar a caminhar. Entretanto fui ouvindo as mais diversas histórias sobre infecções, amputações, paralisias e outras homilias que me iam rezando amigos e conhecidos. As coisas recompuseram-se e hoje não há sequelas de tão grande susto. Com bicos de palmeira todo o cuidado é pouco,  mas terei que o fazer.

 

Para falar de coisas mais doces e ternas: a minha horta vai linda. Salsa, rabanetes (sempre rabanetes), courgetes, espinafres, alfaces, morangos e quejandos enchem os olhos de quem os vê.

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publicado às 22:03

O Admirável Mundo Novo

por vítor, em 20.01.09

 

Feliz estudiante.

Jovial, extravertido, locuaz... Así se comportaba Obama en 1980 en el Occidental College cuando posó para la cámara de una compañera. Tenía 20 años de edad.

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publicado às 22:44

A vida em cidades patéticas

por vítor, em 17.01.09

       

 

        Esse lugar activo de sensações, a minha alma, passeia às vezes comigo conscientemente pelas ruas nocturnas da cidade, nas horas tedientas em que me sinto um sonho entre sonhos de outra espécie, à luz do gás, pelo ruído transitório dos veículos.
         Ao mesmo tempo que em corpo me embrenho por vielas e sub-ruas, torna-se-me complexa a alma em labirintos de sensação. Tudo quanto de aflitivamente pode dar a noção de irrealidade e de existência fingida, tudo quanto soletra, sem ser ao raciocínio, mas concreta e mente, o quanto é mais do que oco o lugar do universo, desenrola-se-me então objectivamente no espírito apartado. Angustia-me, não sei porquê, essa extensão objectiva de ruas estreitas, e largas, essa consecução de candeeiros, árvores, janelas iluminadas e escuras, portões fechados e abertos, vultos heterogeneamente nocturnos que a minha vista curta, no que de maior imprecisão lhes dá, ajuda a tornar subjectivamente monstruosos, incompreensíveis e irreais.
         Fragmentos verbais de inveja, de luxúria, de trivialidade vão de embate ao meu sentido de ouvir. Sussurrados murmúrios ondulam para a minha consciência.
         Pouco a pouco vou perdendo a consciência nítida de que existo coextensamente com isto tudo, de que realmente me movo, ouvindo e pouco vendo, entre sombras que representam entes e lugares onde entes o são. Torna-se-me gradualmente, escuramente, indistintamente incompreensível como é que isto tudo pode ser em face do tempo eterno e do espaço infinito.
         Passo aqui, por passiva associação de ideias, a pensar nos homens que desse espaço e desse tempo tiveram a consciência analisadora e compreendedoramente perdida. Sente-se-me grotesca a ideia de que entre homens como estes, em noites sem dúvida como esta, em cidades decerto não essencialmente diversas da em que penso, os Platões, os Scotus Erigenas, os Kants, os Hegels como que se esqueceram disto tudo, como que se tornaram diversos desta gente. E eram da mesma humanidade.
         Eu mesmo que passeio aqui com estes pensamentos, com que horrorosa nitidez, ao pensá-los, me sinto distante, alheio, confuso e
         Acabo a minha solitária peregrinação. Um vasto silêncio, que sons miúdos não alteram no como é sentido, como que me assalta e subjuga. Um cansaço imenso das meras coisas, do simples estar aqui, do encontrar-me deste modo pesa-me do espírito ao corpo. Quase que me surpreendo a querer gritar, de afundando-me que me sinto em um oceano de uma imensidão que nada tem com a infinidade do espaço nem com a eternidade do tempo, nem com qualquer coisa susceptível de medida e nome. Nestes momentos de terror supremamente silencioso não sei o que sou materialmente, o que costumo fazer, o que me é usual querer, sentir e pensar. Sinto-me perdido de mim mesmo, fora do meu alcance. A ânsia moral de lutar, o esforço intelectual para sistematizar e compreender, a irrequieta aspiração artista a produzir uma coisa que ora não compreendo, mas que me lembro de compreender, e a que chamo beleza, tudo isto se me some do instinto do real, tudo isto se me afigura nem digno de ser pensado inútil, vazio e longínquo. Sinto-me apenas um vácuo, uma ilusão de uma alma, um lugar de um ser, uma escuridão de consciência onde estranho insecto procurasse em vão sequer a cálida lembrança’ de uma luz.

 

 

Bernardo Soares (heterónimo de Fernando Pessoa) - Livro do Desassossego

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publicado às 22:21


 

 

No conforto da sua mansão ou nas vésperas dos grandes torneios, Casimiro Reinaldo não pára de acariciar os seus berlindes. A sua vida é o jogo de berlinde, o seu profissionalismo é flamejante.

"Universo Reinaldo", o novo filme que estreia nos cinemas de todo o mundo, na próxima semana, retrata um Casimiro fascinante e desconhecido, revelando múltiplas facetas da sua  carreira e da sua vida desde o seu primeiro clube, o Enxame, até à glória no Los Angeles Berlinder.

Um filme emocionante que gera expectativas nunca vistas nos meandros da 7ª arte, que faz emergir  o homem por trás da vedeta que é o jogador, desde a sua meninice, os amigos, a família, as namoradas e os primeiros carolos (ameixas)  com abafadores, berlindes de pirolito, esferas de metal e casquinhas no quintal do sr. Petrólito.

O País está rendido ao seu talento e, agora que ganhou o título da BIFA, de melhor jogador de berlinde do Universo,  tem o Mundo a seus... dedos.

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publicado às 21:48

 

Começo a escrever a palavra que me despe
do hálito da meia-noite deste frio
(acanhado sem mãos)
entre outras coisas de ver apenas poucas vezes...
Começo a escrever uma lua sonora dentro do peito
agora peneirada das abrangentes fuligens
ao acender-se um lume vivo quando te aproximas
estranhamente coadunável...
Vens?...
Grito caladamente para a noite
para a multicor indecência do escuro
mas não direi desta noite sua sombra
de meu ego pior
(Não começo a escrever)

 

 

Rui Dias Simão - Os Animais da Cabeça

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publicado às 15:32

Durante a minha longa vida conheci diversas pessoas que exerciam a actividade de curandeiros, embora tendo outra profissão principal.

   Os “endireitas” e os “emplastradores” eram sempre homens.

   As “curas” do aflito, do quebranto, do mau olhado, o exorcismo de espíritos maus e as sortes de cartas eram geralmente feitas por mulheres.

   Na minha opinião os curandeiros que conheci não curavam os males do corpo nem do espírito, pois tinham poucos conhecimentos para isso.

   Contudo, acredito que muitos dos doentes, que a eles recorriam, sentissem melhoras com os seus tratamentos, rezas e conselhos por sugestão e devido à fé que depositavam nas virtudes do “curador”.

   De todos os curandeiros que conheci houve um que atingiu grande destaque, pela grande quantidade de doentes que curou.

   Chamava-se Sebastião Ricardo e viveu no sítio da Venda Nova, Vila Nova de Cacela, entre cerca de 1890 e 1940.

   Em criança aprendeu a ler e a escrever e depois foi aprender a profissão de barbeiro.

   Nesses tempos alguns barbeiros faziam biscates de “medicina”, tiravam dentes, faziam sangrias e pouco mais.

   Desses tempos ficou o ditado, “Quem lhe dói o dente é que cata o barbeiro”.

   As sangrias baseavam-se na crença existente na época, de que o sangue na sua circulação durante muito tempo criava impurezas. Por esse motivo muita gente procurava os barbeiros, geralmente na Primavera, para serem sangrados. Estes faziam uma pequena incisão numa veia do pulso donde extraíam uma certa porção de sangue.

   Assim o organismo produzia sangue novo e puro que iria melhorar a qualidade de todo o sangue em circulação.

   Sebastião Ricardo aprendeu o ofício de barbeiro e também a praticar a “medicina” dos barbeiros da altura; com os anos foi alargando os seus conhecimentos e a sua actividade de curandeiro.

   Quando já tinha muitos doentes para tratar, passou a dedicar-se exclusivamente à “medicina”.

   Atendia alguns doentes em sua casa e visitava outros nos seus domicílios, tanto na freguesia de Cacela, como na freguesia de Conceição, do concelho de Tavira, e também em parte do concelho de Castro Marim, deslocando-se para o efeito numa mula que possuía.

   Sebastião Ricardo tratava de doenças relativamente simples como abcessos, afitos, cólicas, constipações, chagas, diarreias, eczemas, enxaquecas, enterites, erisipelas, fraquezas, flatos, furúnculos, humores, hemorragias nasais, icterícias, inflamações, panarícios, picadas de insectos, papeiras, queimaduras, quebrantos, sezões, sarnas, terçolhos, tinha e ataques de vermes intestinais, como ténias e lombrigas. Para outras doenças mais complicadas ele recomendava o recurso aos médicos da medicina convencional, que nesse tempo eram poucos.

   Aos seus doentes aplicava clisteres, cataplasmas, compressas, fricções, emplastros, ligaduras, inalações de vapor, sangrias, sanguessugas, suadoros, ventosas, etc.

   Como remédios usava alhos, vinagre, água salgada, álcool, cerveja preta, caldos de galinha, mostarda, papas de linhaça, vaselina, óleo de fígado de bacalhau, tintura de iodo, pó de talco, xaropes, unguentos, tónicos, purgantes, pomadas, e chás de tília, de flor de laranjeira, de erva Luísa, de salva, de malvas, etc.

   Com a sua medicina alternativa ganhou fama, e os seus doentes tinham grande confiança no seu saber e na maneira delicada com que os tratava.

   A sua morte, com cerca de 50 anos, foi muito sentida por todos os que o conheceram e ficou na memória do povo durante muitos anos.

    

(texto publicado no Jornal do Algarve possivelmente em 1998)

 

 

Em "Memórias Escritas" de Fernando Gil Cardeira

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publicado às 19:02

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