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O que escolheria se fosse verdadeiramente livre?
Selection  
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A carreira?  7% 4
A vida?  57% 34
As duas?  37% 22
60 votes total


Os mais descarados ainda são os 37% que escolheram "As duas". Como se tal fosse possível.

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publicado às 18:37

Two Pics

por vítor, em 28.09.07

 

Por falar em José Mourinho, parece-me que este, como aconteceu  com o petróleo , já atingiu o seu pico...

 

 

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publicado às 12:55

Santana deixou o deserto

por vítor, em 28.09.07

Ei-lo! Acabadinho de atravessar o deserto. E não um deserto qualquer. O homem foi atirado para as quentes e movediças areias de um deserto que parecia, à primeira vista, sem fim.

 

O veículo que o levou à orla do árido vazio, foi o mais improvável de todos, e mostra a capacidade de sobrevivência e de adaptabilidade do bicho. Do bicho político, bem entendido. O veículo, dizíamos, foi a televisão e uma injecção  tablóide na informação. No momento em que se tratava de um tema sério e de importância vital para um dos partidos mais importantes da cena nacional, e,  por isso, da própria vida do país, a jornalista interrompe para mostrar Mourinho a desembarcar de um meio de transporte colectivo.

 

Quando o senhor treinador se desloca para casa, a jornalista regressa ao relevante tema e à entrevista com o nosso atravessador de desertos. Num golpe de mágica,  utilizando a força propulsora do populismo mediático que tão bem conhece, "o Pedro" abandona a entrevista de supetão e irrompe pelas terras humanizadas e pululantes de frenesim político. Com surpresa do destemido viajante é aplaudido por todos. Da direita à esquerda, dos populistas aos serenos, dos amigos aos inimigos. Até os jornalistas, com excepção dos da SIC e satélites, por motivos óbvios, o levam em ombros.

 

O nosso homem deixou de andar por aí e está outra vez no olho do furacão. Poder novamente vir a ser o que quiser na política nacional, de Primeiro  Ministro a Presidente .

 

É este militante do PSD perdão: do PPD /PSD,  o vencedor indiscutível das eleições directas que hoje se disputam no partido.

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publicado às 12:23

Dona Maria e Salazar

por vítor, em 23.09.07



Aconselho vivamente a leitura destas palavras!

A senhora D, Maria José devia conhecer as sábias palavras de  Mark Twain:
"É melhor manter a boca fechada e parecer estúpido do que abri-la e não deixar margem para dúvidas."

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publicado às 16:38

Homero e o enigma dos piolhos

por vítor, em 22.09.07


Homero, o maior sábio da Grécia, inquiriu o oráculo sobre quem  e de onde eram os seus pais. Quando lhe foi dito que sua mãe era natural da ilha Io   e que seria esse o local da sua próprias morte, uma curiosidade ardente consumiu-o por dentro. Não descansou enquanto não visitou a  ilha.

Desembarcou na terra de sua mãe e uma serenidade inteira e tão confortável que até parecia obscena,  a quem de nada precisava para ser feliz, apoderou-se de todo o seu ser. Alma e corpo num só sujeito a caminho da eternidade.

Quando se deliciava com os sons do mar genético,  acolhedor e misterioso, deu conta  que dois pescadores regressavam dele sem qualquer peixe nas redes. Quando se aproximaram, o sábio dos sábios, questionou-os sobre o porquê do fiasco da pescaria. Responderam: o que apanhámos deixámos, o que não apanhámos trouxemos. Homero sorriu de contentamento. Um enigma! Durante a sua longa vida tinha-os resolvido a todos e a sua fama de desenrolador de meadas enleadas e ocultas tinha chegado a recônditos lugares do mundo conhecido. Atirou-se a ele com a voracidade de jovem principiante. Pensou, repensou, voltou atrás e experimentou vários caminhos sinuosos e  áridos. Rugosos e escorregadios. Relembrou enigmas e mistérios desvendados por si e por outros sábios. Gregos e bárbaros. Voltou a percorrer os sombrios caminhos da mente em sentido contrário. Mirando e remirando  todos os becos e meandros do pensamento. Ao fim de um longo tempo, que lhe pareceu tão comprido como a sua longevidade terrena, desistiu e, humilhando-se até não mais poder, perguntou aos pescadores qual a resolução do enigma. Por breves instantes pensou que o enigma não era senão uma brincadeira de mau gosto e que a solução não poderia existir para além de Homero o velho que tudo adivinhava.

Os dois pescadores riram a bom rir e disseram: os piolhos. Os que apanhámos deitámos ao mar. Os que não apanhámos trouxemos connosco para terra.

O maior sábio que o mundo antigo conheceu estremeceu em convulsões revoltosas e borbulhantes e mesmo ali deixou os vivos para se embrenhar no distante e numinoso mundo de Hádes . Assim se cumpriu o vaticínio fatal do oráculo.

 

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publicado às 00:22

As guerras do futuro

por vítor, em 17.09.07

 

À medida que nos afastamos dos tempos de antanho, tudo levaria  a crer que as "armas inteligentes" distinguem melhor as vítimas civis ( refira-se que não digo inocentes, que neste domínio só as crianças e os doidos e mesmo assim nem os próprios deuses fazem essa distinção) das baixas militares. Porém quando vemos as estatísticas, elas mostram-nos que não é bem assim. Melhor (neste caso, pior) os frios números revelam exactamente o contrário. Os civis morrem como passarinhos e os militares parecem mais protegidos do que nunca. O que até tem a sua lógica: quem domina as armas domina melhor os seus efeitos devastadores. Na neo guerra, quando desaparecem as linhas de separação entre os contendores, o inimigo está em toda a parte. Os civis não conseguem sair do campo de batalha global porque não sabem onde é esse campo, se é que ele existe na realidade. Nas trincheiras mortíferas da 1ªGrande Guerra (1914/18), vincando no terreno as linhas de separação territorial dos exércitos, não abundavam civis. Curiosamente é a aviação, essa nova arma de guerra que desponta nesta guerra, que vai fazer explodir (literalmente) o número de vítimas civis. O paradoxo cruel: armas mais sofisticadas e mais eficazes, armas mais mortíferas para quem menos tem a ver com a guerra, os civis. Este paradoxo aparente tem também a ver com a redução dos militares à medida que os exércitos se modernizam. Melhores exércitos menos soldados, menos soldados menos baixas. Outro paradoxo, já bem patente na Guerra dos Seis Dias, esquisito: melhores exércitos, menos soldados.

 

As neo guerras estão só no princípio. A iniciada com o 11 de Setembro é só uma reduzida amostra do por aí virá. No entanto um "belíssimo" laboratório para estudar o que o futuro nos reserva. O cerne de toda arte da guerra é causar o maior dano possível ao inimigo e assim continuará a ser e o maior dano que se pode causar é destruindo a vida de forma aleatória e massiva. Ou seja matando civis. É uma triste conclusão (?) mas é a realidade. O futuro não será de "amanhãs-que-cantam ". Quando a tecnologia permitir a manipulação por qualquer um de uma arma nuclear de bolso, quando o mundo cibernético dominar todas as actividades humanas, quando a nanotecnologia e a engenharia genética saírem definitivamente dos laboratórios o mundo vai saber o que serão os ventos do apocalipse.

 

Oxalá esta delirante especulação não se venha a verificar. Mas o Homem não aprendeu nada depois de Tróia e os cientistas, que brincam aos deuses, são tão ingénuos...

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publicado às 15:53

Dalai Lama e a Reencarnação

por vítor, em 14.09.07

Por momentos o pânico varreu as chancelarias mundiais. Já não bastavam os terríveis dossiês do Iraque, do Irão, da Coreia do Norte, do Paquistão e da crónica confusão israelo-palestiniana e eis que o centro do turbilhão parece instalar-se em Portugal. Sua Santidade, o Dalai Lama, encontra-se em vias de reencarnar durante a sua visita à Câmara Municipal de Lisboa: Os dois extremos da Eurásia , China e Portugal estão prestes a entrar num conflito de proporções inimagináveis.

 

Mas voltemos um pouco atrás. Quando os governantes chineses souberam que na agenda do Sr. Tenzin Gyatso se encontava uma deslocação a Portugal, sorriram e  ligaram ao presidente em exercício da União Europeia a relembrá-lo que recepções oficiais já se sabe como é de outras visitas, com outros protagonistas. Que não haveria alterações , foi a resposta. Este assunto é um desígnio nacional, reforçou. É só mais um probleminha , veio do extremo oriente. É que o dito cujo anda por aí a falar na reencarnação e isso colide com os nossos desígnios nacionais" (ih,ih ,ih , pareceu ouvir-se do outro lado do mundo, talvez problemas de comunicação decorrentes de tão longas ligações ). Nós já proibimos a sua transmigração para outro corpo no nosso país mas o descarado diz que isso não constitui problema porque, vivendo ele no estrangeiro, a proibição não o atinge, o ingénuo. Já fizemos algumas propostas irrecusáveis a certos países no sentido de impedir a reencarnação do indivíduo por essas bandas. Até agora só obtivemos respostas positivas que muito nos sensibilizaram e como tal a nossa amizade far-se-á sentir para com esses amigos distantes. A porta das nossas casas estará escancarada à sua visita. Gostaríamos de poder contar também com a vossa compreensão lembrando que os nossos povos mantêm uma relação de mais de 500 anos e que, com certeza, se manterá até ao fim dos tempos... Mas em absoluto, outra decisão não poderia ser tomada  no âmbito de tão longa e intensa amizade que une os nosso países. Mandarei imediatamente o Magalhães exarar o decreto, obviamente secreto, a proibir a reencarnação de Su ... do Sr. Gyatso . Aliás darei ordens ao Magalhães que contemple qualquer tipo de reencarnação no nosso país. É uma honra poder falar com um amigo tão desinteressado e agradecer desde já a intervenção desse grande português e referência da humanidade esse navegador aventuroso que por cá passou (outra vez se pareceu ouvir, ih,ih , ih) o grande Magalhães . Não é es ... Não se incomode que por essas alturas a reencarnação não estava na ordem do dia e quem o quisesse fazer que o fizesse. Parece que o vosso Magalhães o fez sucessivamente e com sucesso. Adeus.

 

Escusado será dizer que o Magalhães não era o Magalhães mas sim o discreto, porém eficaz, secretário de Estado da Administração Interna. Tão eficaz que já tinha o decreto pronto ( o seu domínio do mundo cibernético fazia-o tratar por tu as agendas dos mais variados e destacados protagonistas da cena mundial) e só esperava a ordem do chefe para o carimbar e assim lhe dar validade. Só que  a decreto secreto poucos têm acesso. Mesmo sabendo que em Portugal quanto mais secreto mais  descoberto.

 

Regressemos à Câmara Municipal de Lisboa, onde é recebido o Dalai Lama com pompa e circunspecção pelo eufórico presidente e pelos entusiasmados vereadores Sá Fernandes e Helena Roseta. É certo que a cerimónia estava a ser manchada pela falta dos vereadores do Partido Comunista (também tinham recebido um telefonema de longe, de bem longe...) e do procedimento desinteressado do vereador Carmona.

Alguns dos presentes (diria mesmo muitos) conheciam o teor do secreto despacho do diligente Magalhães mas estavam descansados: quem iria escolher Portugal para a reencarnação do século. Outro palcos mais apetecidos se perfilavam para acolher tão mediático e significativo evento. Tudo calmo.

Eis que Sua Santidade, sem ninguém o poder adivinhar, se envolve numa espiral de empatia com António Costa. Uma torrente energética, um magnetismo poderoso e incontrolável envolve os dois. Uma auréola de santidade já envolve um apatetado presidente da edilidade e quando o Lama glorifica a voz do autarca muitos pensam que tudo está perdido. Telefones tocam em imponentes palácios pelo mundo fora. Malas com botões poderosos abrem-se em bunkers invioláveis. Sócrates; na Polónia , sua a bom suar enquanto explica o que se passa a dois apalermados gêmeos e tenta contactar o legislador fiel. Consegue finalmente. Vai a caminho do local onde uma luz poderosa envolve edifício camarário e pessoas que participam na cerimónia das cerimónias. Entra, qual bombeiro destemido, pela luz, sobe de um só fôlego as longas escadarias e entra, cego pelo clarão branco, no amplo salão nobre. Pestanejando empunha o decreto salvador e interpôe-no entre a Santidade que se esvai e a Santidade que insufla. A corrente quebra-se,a luz intensa esmorece e tudo volta ao que era antes de ter sido.

Ouve-se apenas a voz pausada da única Santidade presente, desejo-lhe os maiores êxitos nas próximas eleições . O Sr. Presidente tem uma voz fabulosa.

 

Magalhães retira-se com a sensação de dever cumprido, só isso. Na  Polónia os gêmeos assentem finalmente na assinatura do Tratado Reformador. Sócrates retoma o ar distante e frio. Magalhães será feito comendador no próximo dia da nação. O Sr. Presidente de todos os portugueses não dorme em serviço.

 

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publicado às 22:00

O homem não leu a Concordata?

por vítor, em 13.09.07


Com um primeiro assim tão crente não admira que o país se salve. Já Paulo Portas nos salvou do naufrágio do Prestige com a nossa senhora de Fátima. É de políticos assim que a malta precisa. E depois discutimos tanto o véu da primeira dama da Turquia.

PS: Até a mulher que mais odeio no momento se portou muito melhor. O ar de beata ninguém lho tira mas ao menos é discreta...

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publicado às 00:19

11 de Setembro e as neo-guerras

por vítor, em 12.09.07

 

O 11 de Setembro foi o maior golpe alguma vez desferido contra o Ocidente. Um acto terrorista que se insere numa luta global pelo poder global. Um acto de guerra (lamento não poder ser politicamente correcto para com este terrível episódio e neste momento) espectacular atingindo o coração do “império” cultural e económico. Revelando as fragilidades do poderoso guia da civilização ocidental. Baralhando a velha vanguarda das liberdades e dos direitos humanos, a “consciência do Mundo”, a generosa Europa. Estas palavras custam-me a sair porque por debaixo delas jazem 3000 vítimas inocentes. Inocentes a nossos olhos de ocidentais. Mas nas guerras, mesmo nas neo-guerras , a maior parte das vítimas são sempre inocentes: foi assim em Hiroxima e Nagasáqui,  foi assim em Dresden , no Vietnam ,  no Afeganistão soviético, é assim no Iraque. Será assim mesmo com as mais inteligentes das inteligentes armas. Só o sangue dos inocentes faz da guerra um jogo real, só o seu sofrimento desvirtualiza a contenda.
 
Eu, para que não restem dúvidas, estou do lado do Ocidente. É o mundo a que pertenço. É o mundo que entendo. A Mega Guerra está somente no principio, talvez não venha a assistir aos seus momentos mais decisivos e cruéis, mas saberei estar no lado da barricada com os meus mesmo sabendo que não existirá nunca uma verdade absoluta e um lado verdadeiramente correcto. No entanto, sei que o Ocidente está mais próximo da liberdade, da justiça e da solidariedade. Por isso mesmo estarei  aqui, atento às derivas contra “os valores fundamentais” que tanto custaram a adquirir e a consolidar, com os meus.
 
Ao contrário das Paleo-Guerras em que os contendores estavam bem identificados e ocupando territórios físicos bem determinados, nesta nova guerra o inimigo está em toda a parte. No nosso país e no país do nosso irmão. No país do outro e procedendo como “outro” dentro do “outro”. Sorrindo-nos durante o dia e conspirando contra nós na longa noite. Ajudando-nos a atravessar a rua e explodindo na pizzaria da esquina com os nossos amigos. Vai ser ( está a ser) uma refrega estranha e incompreensível. É preciso reagir com firmeza e sem hesitações, mas sem atropelar os que pensam de forma diferente da nossa e defendem valores diferentes dos nossos que não ponham em causa a nossa “forma de vida". Nunca foi tão difícil separar o trigo do joio. O Bem e o Mal, essa famigerada dupla, nunca apresentou fronteiras tão difusas e sinuosas. Simplificar as coisas, tipo “Eixo do Mal” só complica e  aprofunda a   intolerância e a incompreensão.
 
Com quem se bate o Ocidente? Esta pergunta já foi mil vezes respondida mas sempre sem cobrir a questão. Guerra de Civilizações, Guerra Religiosa, Guerra Económica, Guerra Norte Sul, Ricos contra Pobres. Transportará um pouco de tudo isto mas será, certamente, uma guerra de poder, de poder global no vasto tabuleiro do Globo. Como o romanos dominaram o “mundo” com os seus exércitos bem organizados e a sua engenharia, os espanhóis os mares e as terras com as primeiras armas de fogo eficazes, os ingleses o mundo-onde-o Sol-nunca-se-punha com as canhoeiras das suas armadas e os americanos com a sua eficaz economia de escala e a sua cultura globalizante, os novos imperadores serão os que melhor tirarem partido desta guerra global que se impôs com o 11 de Setembro.
 
Como numa partida de xadrez, a pertinência dum lance pode ser aproveitada pelo adversário. Um lance limitado a uma pequena zona do tabuleiro pode desencadear uma tempestade no "plateau ” capaz de pôr em cheque o rei.
 
Como já referi num post anterior, a vida (neste caso a vida na terra) é como uma partida de xadrez só que se pode ganhar batalhas sem jogar nenhuma pedra. Até poderá acontecer que aproveite um lance um espectador atento e imprevisto…

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publicado às 00:43

Uma Viagem ao Contrário

por vítor, em 09.09.07
Há alguns anos que rumo, por volta da última semana de Agosto primeira de Setembro, ao Carvalhal, na costa alentejana. Viajo ao encontro de um velho amigo que aí passa, religiosamente, 15 dias de férias com os 3 filhos. Costumo viajar com os meus dois filhos ( que a minha mulher não está muito virada para viagens ao passado e, sobretudo, para os copos que a nostalgia impõe) e passar um ou dois dias de intenso convívio com passeios pela praia, grandes jantaradas e, com os miúdos já deitados, longas noites de copos e conversas profundas sobre amigos, o passado, o presente, o futuro, a Antropologia, mulheres e outras palermices que, sinuosamente, emergem do conforto anestesiante do álcool  e da generosa hidra da nostalgia.

Este ano os filhos, possuídos pela estupidificante espuma da adolescência, alegaram valores mais altos para não poder acompanhar esta romaria. Ainda lhes acenei com as magníficas bifanas do Cercal, degustadas o ano passado, mas foram implacáveis: tinham assuntos mais importantes a resolver na santa terrinha. Como tal vi-me impelido a caminhar sozinho rumo às areias da bacia sedimentar do Sado.

Subitamente um bichinho que em mim habita e que às vezes me canta e encanta com velhas canções de estrada e viagem, sussurrou-me  ao ouvido algo que me agradou de sobre maneira: a viagem solitária é a verdadeira forma de encontrar a alma. A aventura liberta e catapulta a criatura que sedimentou nos doces e pegajosos braços da classe média. A aventura é a vida. O caminho faz-se...

E assim peguei na minha velha Honda 400 e com um saco cama e uma pequena mochila com uma mudas de roupa, atirei-me à estrada. A velha máquina nipónica, desde o nascimento do meu primeiro filho (17 anos) mais habituada a longas estadias em garagens e armazéns do que ao ronronar no asfalto, não me merecia grande confiança. Se me avariasse no caminho estava decidido. Mandava-a por uma ribanceira abaixo e seguiria de táxi. Afinal, ao contrário que tinha acontecido em longas viagens no passado, a alternativa paga para continuar sem sobressaltos estava à distância da carteira ou do cartão magnético nos bolsos.

E como aventura é aventura, resolvi percorrer alguns lugares onde tinha vivido alguns dos melhores anos da minha vida de jovem inconsequente: Via do Infante, de Tavira a Lagos, subida pela costa vicentina com paragens em Aljezur, Odeceixe, Vila Nova de Mil Fontes, Malhão, Porto Côvo , Sines, Santo André (onde ainda vivi um ano) e Carvalhal. Para baixo optei por apanhar a estrada nº2   e reviver o passado nas curvas da serra do Caldeirão, que durante tanto tempo separou o Algarve do resto do país, e que conheci bem de inúmeras viagens à Cruz de Pau (Seixal) para onde tinha ido viver o meu irmão.

Nesta dorsal alentejana fiquei bem impressionado com o que vi. Aljustrel, Castro Verde e Almodôvar pareceram-me terras dinâmicas e com espaços públicos muito bem tratados. É claro que o tempo para um café ou uma mini com torresmos não é suficiente para tirar conclusões bem fundamentadas mas não me pareceu ver aqui um Alentejo  a agonizar. Também na Serra do Caldeirão vi terras lavradas sem pastos e sobreiros bem tratados. Talvez por isso o fogo não tenha andado por ali este Verão.

Escusado será dizer que cheguei a casa remoçado e cantando ao vento. Ainda por cima fui recebido como Ulisses vindo da mais aventurosa das Odisseias.

(deixo-vos alguma fotografias da odisseia)


O vento da costa alentejana é uma riqueza.

Amigos para sempre!

Palitos marroquinos nas bermas da estrada.

Minas de Aljustrel.

Nas longas estradas do Alentejo.


Capela Real em Castro Verde.

Cheirinho a Algarve ainda no Alentejo profundo...

O descanso da velha senhora...

Curvas da Serra do Caldeirão, as mesmas de sempre. Pura adrenalina sobre duas rodas. Não aconselhável...

Pra cá do Vascão mandam os que cá estão!

A melhor cortiça do mundo.

Guerra das estrelas no pico da Serra do Caldeirão.


O regresso de El Solitário.

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publicado às 00:41

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